Depois de um ano de estagnação, em que foram registradas demissões e queda nos investimentos em setores importantes, como governo e serviços, os gastos com tecnologia da informação (TI) no Brasil apresentarão um crescimento nominal de 3,3% em 2017, chegando a R$ 76,1 bilhões. "É um otimismo pequeno, mas uma sinalização positiva para o ano", diz Ivair Rodrigues, diretor de pesquisa da IT Data. Segundo ele, 45% das companhias esperam aumentar seus orçamentos de TI ao longo do ano, enquanto 33% dizem que os valores ficarão estáveis. Os 22% restantes preveem ter menos dinheiro para gastar.
Os números da IT Data levam em conta o que as empresas gastam com a compra de equipamentos e sistemas de terceiros. Não entra na conta a folha de pagamento de funcionários. Participaram da pesquisa 1,5 mil diretores de tecnologia de companhias de médio e grande porte.
Muitos projetos imaginados pelas empresas na área de tecnologia começaram a ser engavetados ao longo de 2015, quando a crise começou a se instalar no país. Em 2016, pouca coisa foi tirada do papel. Com as perspectivas mais positivas para 2017, espera-se que alguns deles se tornem realidade.
Para Luciano Ramos, coordenador de pesquisa na área de software da IDC, a retomada deve ser mais consistente no segundo semestre. Por se tratar de um ano de recuperação, ele diz acreditar que boa parte dos investimentos será para priorizar iniciativas de atualização de sistemas e infraestruturas que ficaram defasadas com os adiamentos dos últimos dois anos. Em pesquisa feita pela IDC para a Level 3, de serviços de tecnologia, a área de segurança se destacou nas intenções de investimento no ano. Dos executivos consultados, 37,3% pretendem elevar os gastos na área, segundo André Magno, diretor de data center e segurança da Level 3. Para ele, uma boa parte dos recursos será usada para contratar serviços de terceiros.
Segundo Rodrigues, a tendência de terceirização de partes das atividades de TI, principalmente com a adoção do modelo de computação em nuvem, ganhou força com a crise e vai continuar relevante em 2017. "É uma oportunidade para os fornecedores", diz
Rodrigues afirma que a retomada do mercado em 2017 será impulsionada pela perspectiva de mais gastos por parte do governo. A projeção é de uma alta de 3%. Um dos maiores compradores de TI do país, o governo reduziu seu orçamento em 5% em 2016, sendo um dos principais responsáveis pelo crescimento de apenas 0,4% do mercado. Outra âncora foi o segmento de prestação de serviços - que inclui setores como educação, transporte, saúde e construção civil. Voltados ao mercado interno, eles sofreram com a retração do consumo, o que afetou os orçamentos de TI das empresas.
"Olhando pelo lado positivo, pode-se dizer que TI ainda foi preservada, já que outras áreas das empresas, como marketing, tiveram cortes pesados, de até 30%", afirma Rodrigues.
O executivo ressalta que o impacto nos orçamentos em 2016 foi tão forte que, pela primeira vez, foi registrado um número significativo de demissões. Dos 1,5 mil executivos de empresas de médio e grande porte entrevistados pela IT Data, 37% disseram ter dispensado funcionários. Os cortes atingiram, inclusive, o alto escalão de algumas companhias, com diretores de tecnologia perdendo o emprego. "A área de TI está virando uma commodity, e eu não espero que os investimentos voltem a crescer acima de dois dígitos como acontecia até 2011, mesmo com uma retomada da economia", disse Rodrigues.
Fonte: Valor Econômico
Data: 13/01/2017
Hora: 5h
Seção: Empresas
Autor: Gustavo Brigatto
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