Enquanto no mundo dos negócios e nas áreas de humanas a presença feminina é cada vez mais expressiva, a tecnologia, entretanto, continua sendo um campo na qual a presença de mulheres ainda está longe do ideal. Mesmo assim, a área se desenvolveu consideravelmente ao longo dos anos graças a contribuições de grandes mulheres.
Em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, o TI Rio selecionou algumas figuras responsáveis pela criação de importantes ferramentas que conseguiram encurtar guerras, levar o homem à lua, revolucionar o envio de mensagens e a computação como conhecemos hoje.
Augusta Ada Byron - Lady LovelaceAugusta Ada Byron nasceu em Londres, filha do famoso poeta inglês Lord Byron e de Ann Isabella Milbanke, uma matemática cujo título era Princesa dos Paralelogramos. É conhecida como a primeira programadora da história e ajudou Charles Babbage no desenvolvimento da primeira máquina de cálculo, além de ser a responsável pelo algoritmo que poderia ser usado para calcular funções matemáticas. Atualmente, na segunda terça-feira de outubro, é celebrado o “Ada Lovelace Day”, que tem como objetivo lembrar os feitos do sexo feminino nas ciências, tecnologia, engenharia e matemática.
“As garotas do ENIAC”
Kathleen McNulty, Mauchly Antonelli, Jean Jennings Bartik, Frances Synder Holber, Marlyn Wescoff Meltzer, Frances Bilas Spence e Ruth Lichterman Teitelbaum foram as selecionadas para programar o Electronic Numerical Integrator and Computer (ENIAC). O objetivo era criar o primeiro computador eletrônico e digital para a Segunda Guerra Mundial, mas não havia linguagem de programação, software, e nem sistema operacional. Elas só tinham os diagramas, esquemas de como as coisas deveriam funcionar.
O ENIAC não ficou pronto a tempo de ser usado para a Guerra. No entanto, quando ele foi revelado à imprensa e ao público em 1946, as mulheres nunca foram citadas pelo trabalho feito. Elas foram as responsáveis por dar o pontapé inicial em muitos protocolos usados ainda hoje.
Margaret Heafield Hamilton
É uma cientista da computação, engenheira de software e empresária. Foi diretora da Divisão de Software no Laboratório de Instrumentação do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), que desenvolveu o programa de vôo usado no projeto Apollo 11, a primeira missão tripulada à lua. Foi graças a ela que Neil Armstrong e Buzz Aldrin puderam dar um passeio na lua. Na NASA, a equipe de Hamilton foi responsável por estar à frente do software de orientação de bordo da Apollo, necessário para navegar e pousar na lua, e suas variações usadas em várias missões (incluindo a Skylab, posteriormente). Ela é creditada por ter criado o termo "engenharia de software".
Grace Hopper
Grace Hopper foi a maior analista de sistemas da Marinha dos Estados Unidos, entre os anos de 1940 e 1950. Ela foi também uma das primeiras mulheres no mundo a ser PhD em matemática. Hopper foi uma das pioneiras em um contexto profissional predominado por homens. Ela criou o primeiro compilador e desenvolveu a Flow-Matic, a primeira linguagem de programação que o mundo conheceu, e que serviu para a invenção do COBOL.
Joan Clarke Foi a única mulher a trabalhar no projeto de decodificação das máquinas Enigma ao lado de Turing. Estudou na Universidade de Cambridge e foi recrutada por um coordenador da instituição para entrar na Government Code and Cypher School (GCCS). Embora ela não tenha procurado ser o centro das atenções, seu importante papel no projeto Enigma, que decifrou as comunicações secretas da Alemanha nazista, lhe valeu prêmios e citações, como a nomeação como Membro da Ordem do Império Britânico (MBE), em 1947. Joan foi retratada no filme “O Jogo da Imitação”, que fala sobre o período da construção da máquina Enigma.
Hedy Lamarr
Mais conhecida pelas suas atuações em Hollywood, Lamarr foi uma pioneira no campo das comunicações sem fio. Junto com o inventor George Antheil, ela desenvolveu um sistema de comunicações secreto para ajudar os aliados a combater os nazistas da Segunda Guerra Mundial. O invento captava as frequências de rádio manipuladas pelo sistema em intervalos irregulares entre transmissão e recepção. Isso forma um código inquebrável que evita que mensagens sejam interceptadas pelos inimigos. Lamarr recebeu a patente da invenção em 1941, porém ela só foi implementada pela primeira vez durante a Crise dos Mísseis de Cuba. Além de o uso militar, o sistema serviu de base para a atual telefonia celular.
Radia Perlman
Radia Perlman, conhecida como a “Mãe da Internet”, foi a cientista da computação responsável pela criação do protocolo Spanning Tree (STP), que permite que a comunicação entre dois ou mais computadores seja possível. Por ser uma das únicas mulheres de sua turma a conseguir se formar, Radia também é uma forte defensora da inserção feminina na tecnologia, por acreditar que a pluralidade de opiniões e vivências pode enriquecer a experiência virtual.
Jean E. Sammet
Jean nasceu em 1928 nos Estados Unidos e formou-se em matemática em 1948. Trabalhando como cientista da computação, Jean entrou na IBM em 1961. E foi na Big Blue que contribuiu imensamente para a área ao desenvolver a linguagem de programação FORMAC (Formula Manipulation Compiler). A linguagem é considerada uma extensão da família FORTRAN (Formula Translation System) e permite realizar cálculos matemáticos avançados e ajudou a firmar o inglês como língua padrão da programação. Jean é mais uma mulher que fez parte do desenvolvimento do COBOL.
Essas mulheres lutaram contra muitos preconceitos e desconfianças, mas realizaram trabalhos que modificaram a sociedade que vivemos. Atualmente, muitas profissionais pelo mundo atuam para transformar o mercado, tornar a tecnologia mais fácil e acessível, para quebrar cada vez mais paradigmas, possibilitando que esses exemplos de mulheres vitoriosas deixem de ser exceções e passem a ser regra.
Texto: Ricardo Guimarães
Edição: Cristiane Garcia