Faperj recebeu apenas 9,5 por cento do orçamento aprovado para 2017

04/07/2017

Em meio à crise econômica no Estado, a Faperj (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro) recebeu, até o momento, apenas 9,5% do orçamento previsto para 2017. Dos R$ 537,01 milhões que seriam destinados a fundação, foram pagos até agora apenas R$ 51,08 milhões. A receita foi complementada por R$ 34,81 milhões referentes à verba bloqueada no ano passado.

Segundo Augusto Raupp, presidente da Faperj, os cofres vazios do órgão podem obrigar os laboratórios a viver apenas das bolsas que vão direto para os pesquisadores. Não há dinheiro para ser encaminhado aos projetos.

“Desde 2015, não conseguimos pagar um tostão para pesquisas. Para isso mudar, será necessário que estado e governo federal firmem um regime de recuperação fiscal”, alertou Raupp.

Estudantes desmotivados

Chefe do Laboratório de Hanseníase da Fiocruz, Milton Moraes tem projetos aprovados que não foram contemplados, e outros cujo financiamento foi transferido pela Faperj para uma agência federal, o CNPq. O cientista também conta com acordos internacionais para conduzir os seus estudos.

“Vivemos uma crise, mas temos um problema maior, que é o atual modelo de financiamento da pesquisa científica. Muitos estudantes estão desmotivados porque o valor das bolsas de estudo não é reajustado há muito tempo. Então, depois de tantos anos de dedicação, eles preferem abandonar sua carreira ou buscam emprego no exterior. As instituições estrangeiras conseguem uma mão de obra extremamente qualificada sem praticamente nenhum investimento”, ressalta.

Stevens Rehen, neurocientista da UFRJ e do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino, defende que sem investimentos em pesquisa, estamos caminhando na contramão, e a ciência está ficando cada vez mais invisível. Além disso, Rehen destaca que pesquisas importantes como a da zika estão paralisadas por falta de investimento. “Existe a possibilidade de que, a longo prazo, a zika provoque alteração no genoma das células, o que levaria a uma propensão maior a doenças mentais. Mas não poderemos analisar essa hipótese, porque dependemos de investimento da Faperj”.

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Fonte: O Globo
Data: 27/06/2017
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Seção: Sociedade
Autor: Renato Grandelle
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Link:  https://oglobo.globo.com/sociedade/faperj-recebeu-apenas-95-do-orcamento-previsto-para-2017-21522979