Os economistas Bacha, José Roberto Mendonça de Barros, Bernard Appy, Marcos Lisboa e Alexandre Schwartsman fazem um diagnóstico pouco otimista diante da grave crise política que assola nosso país. Com um presidente denunciado por corrupção, as reformas ficarão comprometidas e o investimento engavetado. Apesar de o governo insistir ter o controle da situação, por esses motivos, a economia só deve mesmo voltar a crescer em 2019, depois que o país eleger um novo governante.
Mendonça Barros, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, declarava há três meses que estava otimista com a recuperação, porém, depois da delação dos donos da JBS, sua expectativa mudou. “Foi um balde de água fria. Agora, ele estima algo entre 0,5% e zero. “É desolador, porque eu tenho certeza de que a gente ia mesmo sair do buraco, mas a recuperação deu uma miada e fica amortecida até a próxima eleição.” disse
As novas denúncias de corrupção, diz, são indiscutíveis e conclusivas. Por isso, tiraram de cena a alavanca da retomada: a confiança dos empresários. “Para sair do buraco, todos sabem, precisamos de investimentos em infraestrutura, com escala, e já não há ambiente para isso.”, concluiu.
Para Alexandre Schwartsman, ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, o Brasil passa uma imagem negativa para o mundo. “Passamos a imagem de País com sérios problemas de governança, que vai ficando mais parecido com a Rússia – onde a corrupção está aí, ninguém dá a mínima e faz parte do jogo – e menos parecido com países que conseguiram avançar, como Peru e Colômbia, que hoje oferecem mais estabilidade institucional”, diz.
Bernard Appv, ex-secretário executivo e de Política Econômica da Fazenda afirma que essa crise política atrapalha e tira o foco da rotina de trabalho. “Estava no Ministério da Fazenda quando ocorreu o escândalo do Mensalão. Na hora em que um governo enfraquece, abandona a agenda propositiva e surge um monte de propostas de bondades, para salvar a situação”.
Já Marcos Lisboa, presidente do Insper e ex-secretário de Política Econômica, diz que “há um lado degenerativo no (setor) fiscal, que se agrava à medida que o tempo passa. Enquanto governo e Congresso param para se defender, a crise nas contas públicas da União e dos Estados não espera, se aprofunda”,
Edmar Bacha, um dos pais do Plano Real, define o estado de ânimo geral: “Alguém disse, muito corretamente, que esse governo se divide em AJ e DJ, antes e depois de Joesley Batista, da JBS (empresário que gravou o presidente). Pois, no DJ, não tem ponte nem pinguela para futuro da economia”, diz.
Bacha afirma ainda que Temer deveria incluir na proposta de reforma política que está no Congresso uma emenda para antecipar as eleições presidenciais e parlamentares para o primeiro semestre de 2018. “Com isso, ganharia simpatia e fôlego para fazer as reformas”. O próximo presidente, por sua vez, deveria convocar uma Constituinte, o que permitiria "passar o País a limpo", diz ele.
“Estou preocupado é com o tipo de País que queremos: se o governo insistir em ficar desse jeito aí, a crise se agrava, as pessoas vão se alienando da política, se frustrando com a economia e, lá na eleição, votam na extrema-direita ou extrema-esquerda.” Segundo Bacha, se isso acontecer, nem a eleição trará alívio.
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Fonte: Estadão
Data: 02/07/2017
Hora: 05h00
Seção: Segurança
Autor: Alexa Salomão
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