Em Davos, investidores pedem ao governo a manutenção de reformas

25/01/2018

Em Davos (Suíça), alguns dos maiores investidores do mundo veem as eleições de 2018 no Brasil como um ponto de interrogação e, pediram ao governo para que mantivesse sua estratégia econômica. O presidente Michel Temer participou de reuniões bilaterais com executivos de empresas como Shell, Coca-Cola e Cargill e foi questionado sobre o que deve ocorrer depois da eleição presidencial. A resposta para todos foi a mesma: as instituições estão funcionando e, diante dos resultados positivos para a economia, existe um crescente consenso de que não há alternativa à atual política.

Na avaliação do presidente da Shell, Bem van Beurden, os “maiores desafios” do Brasil ainda são a alta taxa de desemprego e a inflação. “Esperamos muito que haja continuidade da política econômica para a regulação em nossa indústria”, afirmou.

“Políticas com bom senso estão sendo implementadas e vocês verão a resposta do setor privado”, apostou. “Você precisa ter clima positivo para atrair investimentos.” O executivo disse que está atento aos futuros leilões no setor de petróleo no País.

Francesco Starace, presidente da Enel, empresa do setor de energia, adotou o mesmo tom e admitiu que a eleição é um risco a ser considerado. De acordo com um membro do alto escalão do governo, a empresa tem interesse no leilão da Eletrobrás.

Para o presidente do Conselho de Administração do banco de investimentos Goldman Sachs International, José Manuel Durão Barroso, “seria bom que o Brasil desfizesse algumas ambiguidades, que caminhasse na direção de reforçar a confiança, que é o essencial: fazer ou não fazer reformas. Estar no meio da ponte nunca é muito bom e as reformas, para ser sincero, já deviam até ter sido feitas.”

Barroso acredita que as eleições terão impacto nessa agenda reformista. “Todos sabemos que em anos de eleições há a tentação de adiar as coisas”, disse. “Se é para fazer, mais vale fazer agora do que estar sempre com dúvidas. Os investidores não gostam de incertezas.”

Outro que pede a manutenção da agenda de reformas é o presidente da Coca-Cola, James Quincey. “O que vai ajudar a economia brasileira a crescer é a soma das reformas e muito trabalho”, disse. “As reformas estão ajudando a fazer crescer a economia de novo e já tínhamos muitos anos sem crescimento.” Segundo o executivo, a empresa vai investir “centenas de milhões” no Brasil este ano.

A empresa de aço ArcelorMittal também é outra que afirmou que vai voltar a investir no País, depois de três anos sem investir no mercado brasileiro. A expectativa é de colocar US$ 300 milhões no Brasil por ano.

Dave MacLennan, presidente da Cargill, também indicou que vai continuar a investir. Mas se juntou ao coro daqueles que pedem reformas. “Sempre que há uma mudança na liderança, pode haver mudança na direção. Queremos previsibilidade e estabilidade política. Não diria que estou preocupado. Mas estabilidade é sempre bom.” A opinião é a mesma de Carlos Brito, presidente da Ambev.

Texto com informações do site Estadão


Fonte: Estadão
Data: 24/01/2018
Hora: 22h55
Seção: Economia & Negócios
Autor: Jamil Chade e Célia Froufe
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Link: http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,em-davos-empresarios-pedem-ao-governo-a-manutencao-de-reformas,70002164524