Em Davos (Suíça), alguns dos maiores investidores do mundo veem as eleições de 2018 no Brasil como um ponto de interrogação e, pediram ao governo para que mantivesse sua estratégia econômica. O presidente Michel Temer participou de reuniões bilaterais com executivos de empresas como Shell, Coca-Cola e Cargill e foi questionado sobre o que deve ocorrer depois da eleição presidencial. A resposta para todos foi a mesma: as instituições estão funcionando e, diante dos resultados positivos para a economia, existe um crescente consenso de que não há alternativa à atual política.
Na avaliação do presidente da Shell, Bem van Beurden, os “maiores desafios” do Brasil ainda são a alta taxa de desemprego e a inflação. “Esperamos muito que haja continuidade da política econômica para a regulação em nossa indústria”, afirmou.
“Políticas com bom senso estão sendo implementadas e vocês verão a resposta do setor privado”, apostou. “Você precisa ter clima positivo para atrair investimentos.” O executivo disse que está atento aos futuros leilões no setor de petróleo no País.
Francesco Starace, presidente da Enel, empresa do setor de energia, adotou o mesmo tom e admitiu que a eleição é um risco a ser considerado. De acordo com um membro do alto escalão do governo, a empresa tem interesse no leilão da Eletrobrás.
Para o presidente do Conselho de Administração do banco de investimentos Goldman Sachs International, José Manuel Durão Barroso, “seria bom que o Brasil desfizesse algumas ambiguidades, que caminhasse na direção de reforçar a confiança, que é o essencial: fazer ou não fazer reformas. Estar no meio da ponte nunca é muito bom e as reformas, para ser sincero, já deviam até ter sido feitas.”
Barroso acredita que as eleições terão impacto nessa agenda reformista. “Todos sabemos que em anos de eleições há a tentação de adiar as coisas”, disse. “Se é para fazer, mais vale fazer agora do que estar sempre com dúvidas. Os investidores não gostam de incertezas.”
Outro que pede a manutenção da agenda de reformas é o presidente da Coca-Cola, James Quincey. “O que vai ajudar a economia brasileira a crescer é a soma das reformas e muito trabalho”, disse. “As reformas estão ajudando a fazer crescer a economia de novo e já tínhamos muitos anos sem crescimento.” Segundo o executivo, a empresa vai investir “centenas de milhões” no Brasil este ano.
A empresa de aço ArcelorMittal também é outra que afirmou que vai voltar a investir no País, depois de três anos sem investir no mercado brasileiro. A expectativa é de colocar US$ 300 milhões no Brasil por ano.
Dave MacLennan, presidente da Cargill, também indicou que vai continuar a investir. Mas se juntou ao coro daqueles que pedem reformas. “Sempre que há uma mudança na liderança, pode haver mudança na direção. Queremos previsibilidade e estabilidade política. Não diria que estou preocupado. Mas estabilidade é sempre bom.” A opinião é a mesma de Carlos Brito, presidente da Ambev.
Texto com informações do site Estadão
Fonte: Estadão
Data: 24/01/2018
Hora: 22h55
Seção: Economia & Negócios
Autor: Jamil Chade e Célia Froufe
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Link: http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,em-davos-empresarios-pedem-ao-governo-a-manutencao-de-reformas,70002164524