Sete histórias inspiradoras de brasileiras em TI

08/02/2018

Apesar de ser minoria no mundo da TI, as mulheres estavam em peso no evento Por um Planeta 50-50: mulheres e meninas na ciência e tecnologia, realizado pela Serasa Experian em parceria com a ONU Mulheres.  Elas compartilharam histórias que podem servir de inspiração para profissionais de hoje e do futuro. A maioria fala de preconceito e dúvidas, mas a superação é o destaque. Veja sete histórias inspiradoras. 

Elaine Matos, gerente de produto da Dow para América Latina e líder da Rede de Diversidade African-American Network (AAN)

“Represento um case de diversidade na empresa”, sintetizou Elaine. A gerente de produto afirmou que tinha tudo para ser o contrário, por carregar muitos dos estereótipos alimentados pela sociedade. “Tenho 34 anos, sou negra, filha de nordestinos e não sou formada em ciência da computação e, sim, em administração”, contou. 

“Quando olhamos para as lideranças, temos 13% de mulheres e somente duas líderes negras. Aí veio a necessidade de criar a rede African American, grupo de empoderamento de mulheres negras, da qual represento há dois anos, trabalhando com ações afirmativas”, comentou.

Flavia Roberta Silvia, gerente de projetos da IBM 

Flavia cita sua avó, que era da Marinha, e ainda seu pai, considerado por ela como um verdadeiro ‘nerd’, como seus grandes exemplos e incentivadores do seu ingresso na tecnologia. “Tinha dez anos, quando meu pai me deu um TK 90, microcomputador lançado em 1985. Aquilo foi um sonho”, lembrou.

Anos depois, ela ingressou na Fatec e formou-se em Ciência da Computação. Em seguida, veio à oportunidade de trabalhar na IBM, onde está há 22 anos. “A IBM sempre levantou a bandeira da diversidade. Eu, como negra, me identifiquei”, contou.

Mas nem tudo foram flores em sua trajetória. “Perdi noites de sono, comecei a tomar portas na cara. Mas conheci o mundo pela IBM e gerenciei projetos internacionais. Casei e engravidei. Em três meses, fiz certificações em tempo recorde, com planejamento e foco. Fique grávida de novo, mas isso me custou, pois tive depressão pós-parto no retorno”, listou ela.

São altos e baixos que fazem parte da carreira de muitas pessoas, reconheceu. “Tem momento de glória, mas tem muito rock and roll. E é assim que nos fortalecemos. Não temos ideia de onde podemos ir, imaginamos uma história e os caminhos vão mudando. Tem de se centrar, parar, pensar”, observou. Como recomendação, Flavia sugere que as mulheres estejam sempre prontas e invistam pesado no networking, pois ele faz a diferença.

Renata de Biasi, engenheira eletricista da Divisão de Programação e Estatística (OPSP.DT) da Itaipu


Filha de engenheiro, Renata desde criança teve o apoio dos pais para seguir a carreira. Depois de fazer um curso técnico, em seguida, graduou-se em engenharia, onde afirma ter conhecido professores inspiradores.

Há 20 anos atuando como engenheira em Itaipu, por anos ela foi a única mulher da área. Hoje, o cenário mudou. “Há mulheres, mas em minha equipe sou a única.” Ela relata não ter sentido preconceito. “Ao contrário, os homens do departamento sempre me ensinaram muito. Nunca me senti diferente por ser mulher. Claro que tem dificuldades, mas isso faz parte da carreira de todas as pessoas.”

Segundo ela, o segredo para se desenvolver é não esperar. “Temos de ir atrás das oportunidades e agarrar as que aparecem”, recomendou.

Regina Acher, cofundadora da Laboratoria

O dia das mulheres em ciência e tecnologia nunca foi tão importante. Essa é a opinião de Regina. “Quando falamos da qualificação das mulheres não dá para falar só da igualdade, mas especialmente sobre diversidade de pensamento da indústria, além do impacto social”, afirmou ela.

Regina queria fazer a diferença na vida de meninas e mulheres e incentivá-las a seguir carreira em TI. Assim, quando conheceu uma das fundadoras do Laboratoria, ONG peruana que capacita mulheres para a área de tecnologia, decidiu trazer a ideia para o Brasil.

Em abril de 2018, a Laboratoria capacitará sua primeira turma em São Paulo, desenvolvendo 60 meninas. A ideia é replicar o modelo de sucesso da ação na América Latina, que formou 560 alunas nos últimos três anos.

Sueli Nascimento, gerente de produtos e líder da rede mulheres da SAP

Quando criança, Sueli queria ter uma Rosie, a governanta dos Jetsons. “Meu irmão se formou em engenharia e foi para a IBM. Vi ali uma chance de ter a minha robô”, brincou.

Foi quando ela teve o primeiro contato com a computação, com o microcomputador TK 85. “Me apaixonei e percebi que eu poderia ajudar o mundo todo. Já com 17 anos sonhava em ajudar o mundo a rodar melhor e a melhorar a vida das pessoas”, contou.

Ana Lucia Salmeron, diretora de Healthcare & Hotels Segment da Schneider Electric para América Latina

Engenheira eletrônica há 30 anos, Ana sempre trabalhou na área técnica. A influência do pai engenheiro contribuiu para esse cenário. “Meu pai foi um excelente exemplo. Eu queria ganhar bem e ser bem-sucedida. Como gostava muito de matemática e física, ciência da computação foi um caminho natural”, relatou.

Para ela, o difícil é relativo e ao longo de sua carreira ela entendeu que não há problemas em entregar projetos não-perfeitos. “Sempre busquei a perfeição e muitas vezes isso faz com que nós mulheres evitemos entrar em situações para não falhar. A mania de fazer tudo perfeito da primeira vez nos impede de crescer. 80% é sensacional, depois vêm os ajustes”, aconselhou.

Rejane Jardim, gerente de projeto da White Martins

Há 13 anos na White Martins, multinacional brasileira que atua no mercado de fabricação de gases industriais, Rejane convivia com os números desde cedo. Afinal, seu pai era comerciante e os cálculos faziam parte da rotina. “Quando cresci, sabia que queria engenharia, mas me sentia sozinha, não sabia qual caminho seguir”, lembrou.

Foi quando, então, no colégio o professor de Química convidou um colega engenheiro químico para palestrar para os alunos. Ela se encantou com a profissão e tomou a decisão de seguir essa trilha. Veio o vestibular e o resultado foi o ingresso em duas universidades públicas, fora de sua cidade, no interior do Rio de Janeiro.

“Na Rodoviária, vi minha mãe chorando. A abracei e disse que tudo daria certo”, disse. O aprendizado que Rejane tira desse momento foi que é preciso liderar seu futuro. “Desenvolva suas habilidades. Pensei que voltar não era opção, então fui fazer um estágio em automação industrial. Me formei em 2000, fui efetivada nessa empresa. Mas os líderes tomavam algumas atitudes que não concordava. Então sai. Isso me fez pensar que não se pode deixar ninguém tomar uma decisão por você. Só você sabe onde quer chegar”, finaliza.

Texto com informações do ComputerWorld

Fonte: ComputerWorld
Data: 07/02/2018 
Hora: 11h39
Seção: Variedades
Autor: Déborah Oliveira
Foto: ------ 
Link:  http://computerworld.com.br/7-historias-inspiradoras-de-mulheres-brasileiras-em-ti