Atrás apenas da China e dos Estados Unidos, o Brasil possui cerca de 27 milhões de pessoas envolvidas ou em processo de criação de um negócio próprio e esse número cresce todo dia. E as startups representam boa parte desses números.
Somente entre julho de 2016 a julho de 2017 o número de contratos entre grandes empresas e startups aumentou 194% no Brasil, se comparado com o mesmo período do ano anterior – mostrando o potencial deste mercado.
De acordo com Pedro Schaffa, advogado especialista em startups e PMEs e sócio-fundador da SBAC, receber a oferta de um grande player pode ser o sonho de muitos empreendedores, porém, é preciso ficar de olho em diversos pequenos fatores para evitar que o valor da sua empresa seja reduzido numa negociação de compra ou investimento e que o investimento afunde seu negócio.
O especialista dá quatro dicas essenciais para startups que pretendem começar a negociar investimentos:
1. Recebi uma oferta e agora?
A proposta de receber um investimento pode ser irresistível para os empreendedores, mas é preciso analisar todas as possibilidades antes de fechar o negócio para que o sonho não acabe virando pesadelo.
Segundo Schalfa, nessa hora, contar com especialistas é essencial para entender a proposta que está na mesa, chegar em um preço que favoreça ambas as partes, e, até mesmo, rebater possíveis pontos que não atendam às necessidades do empreendedor e, principalmente, da startup.
2. E o que pode diminuir o valor da venda?
O famoso valuation, ou valor de mercado da empresa, pode ser calculado de diversas maneiras diferentes, principalmente para empresas em estágio inicial, quando o que se está comprando é muito mais o potencial da startup do que seu momento atual. No entanto, há alguns pontos que sempre serão levados em conta no momento da avaliação.
Às vezes, para ser rápido e economizar no momento inicial da empresa, os empreendedores contratam seus funcionários de maneira errada, pagam seus impostos a menor ou esquecem de firmar contratos com os seus clientes. Tudo isso terá reflexos no valuation da startup e, com certeza, diminuirá seu valor no momento do investimento, às vezes, essa diminuição é maior do que a economia que o empreendedor achou que estava tendo.
3. Quais são minhas obrigações?
Os empreendedores precisam ficar atentos às novas obrigações que terão na empresa após o investimento. É comum, por exemplo, o investidor exigir cláusulas que impedirão o empreendedor de sair da empresa por um certo tempo, de aumentar o próprio salário ou de abrir qualquer outro negócio que concorra com a startup. Além disso, é certeza que os investidores terão poderes de veto em algumas decisões da sociedade como tomada de empréstimo, aumento de gastos ou mudanças de sócios e funcionários chave.
De acordo com Schaffa, "muitas vezes, após receber um investimento, o empreendedor acaba se sentindo funcionário da própria empresa e fica frustrado ao perceber que o investimento custou sua liberdade".
4. O que nunca devo fazer numa negociação?
É muito comum que os empreendedores façam loucura no momento de receber o investimento. No entanto, é importante que a pessoa tenha uma visão global do investimento e consiga projetar no futuro quais os impactos da entrada de capital.
A função de um especialista neste momento, é verificar quais as cláusulas do contrato de investimento dificultarão a vida da startup e do empreendedor nos meses seguintes. "Muitas vezes, é melhor ficar sem o dinheiro do que vender a própria alma", conclui Schaffa.
Texto com informações do Computerworld
Fonte: Computerworld
Data: 19/02/2018
Hora: 16h18
Seção: Negócios
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Link: http://computerworld.com.br/4-passos-para-negociar-um-bom-investimento-para-sua-startup