Lançado em 2012, o Start-Up Brasil foi desenvolvido para ser um grande programa nacional de aceleração de empresas nascentes de base tecnológica – as startups.
Criado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), com gestão da Softex, o Start-UP Brasil destacou-se dos outros programas por ter uma abrangência nacional.
No entanto, em 2015, a iniciativa foi interrompida. O clima de incerteza política, as mudanças no governo, associadas à uma redução de 44% no orçamento do MCTIC, fizeram com que o programa entrasse em hiato – nesse período foram poucos os Demodays, com apresentações de startups brasileiras, realizados.
Entretanto, em agosto de 2017, o programa foi retomado e foram abertas as inscrições para uma nova turma de aceleração. Em dezembro, começou o trabalho de selecionar, dentre as 460 empresas inscritas, as 50 startups que vão fazer parte do renascimento do programa.
Em maio, as selecionadas serão anunciadas. Na sequência, a turma de empresas participará durante um ano de capacitação em uma das 13 aceleradoras parceiras, eventos e atividades de aproximação com investidores e grandes empresas.
Segundo Ruben Delgado, presidente da Softex, o programa funcionará de forma semelhante às edições anteriores, porém com algumas novidades.
"Uma delas é um foco maior na internacionalização das startups participantes", conta.
Em entrevista ao site Pequenas Empresas & Grandes Negócios, Delgado fala sobre a interrupção do Start-Up Brasil e das novidades sobre a retomada do programa. E afirma: não deve haver mais interrupções. Confira o bate-papo abaixo:
O que fez o Start-Up Brasil passar por esse hiato?
A mudança de governo influenciou a interrupção do programa. Quando uma nova equipe assume o comando, há muitas vezes uma “releitura” da gestão anterior. O MCTIC sofreu um corte no orçamento de 44%, o que também atrapalhou a continuidade.
No entanto, acredito que hoje há um entendimento maior que o Start-Up Brasil deve ser uma iniciativa de Estado e não de governo – no sentido de que o programa é benéfico para o país e não deve ser interrompido por ter sido criado pelo partido A ou B.
Estamos em um ano de eleições. O programa pode ser interrompido novamente?
A tendência é de que não. Há nomes em todos os grandes partidos militando pelo sucesso da área da tecnologia. Eles entendem que temos na mão um programa importante e meritocrático e não uma ferramenta política. Sabem que o nosso mercado não é para amadores, não perdoa atraso e é importante para o país. Por isso, será mais fácil prosseguir com o programa independente de quem ganhe as eleições.
Há alguma grande mudança na turma atual em comparação ao programa antes da interrupção?
Sempre tem como melhorar, até porque não existe nada perfeito na tecnologia. O programa continua tendo um período de capacitação de um ano em alguma das 13 aceleradoras parceiras do programa.
Mas há três aspectos que vamos fortalecer no Start-Up Brasil atual: o primeiro é um foco maior na internacionalização das startups participantes. Devemos contar com a ajuda de “hubs” da Softex no exterior. Hoje, temos uma iniciativa chamada Hub 55, realizada em parceria com o Governo de Connecticut, nos Estados Unidos. A proposta é que o espaço sirva de base para que as startups brasileiras se estabeleçam na região e também se relacionem com o mercado local. Estamos articulando parcerias semelhantes em países como Colômbia e Portugal, cidades como Miami e regiões como o Sudeste Asiático e a Oceania.
O segundo é uma aproximação mais intensa entre as startups participantes e investidores privados. O Start-Up Brasil sempre teve Demodays, em que as empresas apresentavam a ideia ao mercado, mas pretendemos ampliar essas ações de relacionamento. Também queremos trazer as grandes empresas para perto da gente, criando parcerias benéficas para elas e para as nossas startups.
As empresas participantes recebem investimentos em dinheiro?
Sim. Todas as participantes recebem até R$ 200 mil em bolsas de pesquisa do MCTIC. Além disso, na maioria dos casos, recebem um investimento da aceleradora parceira. O valor depende da negociação entre as partes e varia entre R$ 60 mil e R$ 80 mil. Em troca, a aceleradora se torna dona de uma parte da empresa – a parcela fica normalmente em 8,5%. Além disso, pode acontecer da empresa participante receber posteriormente um aporte de um investidor externo.
Quanto investimento privado vocês esperam atrair para as startups?
Nas outras edições do Start-Up Brasil, os investidores colocavam, em média, 3,3 vezes mais dinheiro do que o poder público. Como vamos nos comprometer com R$ 9,7 milhões, esperamos atrair algo como R$ 30 milhões da iniciativa privada para as startups dessa turma.
Você acha que programas de corporate venture são concorrentes do Start-Up Brasil?
Não vejo nenhum programa, seja comandado por uma grande empresa, ou público, como concorrente. Vejo todos remando no mesmo sentido.
Como você vê o ecossistema brasileiro de startups?
Vejo muitas coisas boas acontecendo. Há uma série de iniciativas bacanas surgindo. Mas ainda temos muito o que amadurecer. Creio que mais projetos deveriam surgir na esfera estadual. Um dos poucos exemplos de um estado trabalhando com startups é o Maranhão.
Lá, existe o Inova Maranhão Powered by Start-Up Brasil, em que atuamos com o governo de lá. Precisamos de mais iniciativas regionais, que sejam apoiadas pelos governantes, não importando “o time que eles torcem.”
Texto com informações do PEGN
Fonte: PEGN
Data: 23/04/2018
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Seção: Startups
Autor: Adriano Lira
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Link: https://revistapegn.globo.com/Startups/noticia/2018/04/start-brasil-renasce-com-foco-em-internacionalizacao-de-startups.html