A defasagem do parque produtivo tem deixado a indústria nacional para trás. O Brasil investe menos de um quinto da média de grandes economias em pesquisa & desenvolvimento (P&D) e isso prejudica a competitividade das organizações, principalmente, no âmbito dos acordos comerciais.
“O País tem algumas poucas empresas na fronteira da tecnologia e muitas em estágio bastante atrasado. Nos últimos 20 anos, o Brasil se tornou uma economia de baixo investimento e a crise mais recente criou um ambiente prejudicial para a produção industrial acompanhar inovações, inclusive anteriores a 4.0”, aponta o economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Rafael Cagnin.
Ele destaca que após a crise de 2008, as principais economias do mundo resgataram políticas industriais. “Estados Unidos e Grã-Bretanha, tradicionalmente menos intervencionistas, voltaram a estimular suas indústrias. China e Índia investiram para avançar mais e acelerar o processo tecnológico. Nesse sentido, o Brasil também está atrasado.”
Rafael explica que nas últimas décadas no Brasil, as políticas para a indústria tiveram caráter apenas compensatório. “O que se fez foi minimizar as condições contraproducentes. E após a última troca de governo, o ajuste fiscal atingiu setores que contribuem para inovação, o que compromete a entrada do Brasil na indústria 4.0.”
Na semana passada, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) apresentou, durante evento em São Paulo, um estudo inédito sobre riscos e oportunidades do Brasil frente às inovações da indústria 4.0. O coordenador-executivo da pesquisa Projeto Indústria 2027, João Carlos Ferraz, comparou os investimentos em P&D de outros países com os do Brasil. “Os EUA querem manter a liderança em ciência, tecnologia e inovação e recuperar a manufatura avançada. Em 2017, gastaram um total de US$ 533 bilhões em P&D. Já a China gastou US$ 279 bilhões e, o Japão, US$ 202 bilhões no mesmo período. O Brasil? Cerca de US$ 20 bilhões.”
O ex-presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e coordenador-geral do Projeto Indústria 2027, Luciano Coutinho, é categórico e afirma que esses países se encontram numa corrida no sistema científico e tecnológico. “Todos apresentam estratégias ambiciosas nesse momento, enquanto o avanço do Brasil é relativamente modesto. É preciso acelerar, tornar o estado mais eficiente e capacitar empresas e trabalhadores.”
O levantamento separou quatro categorias de digitalização, em níveis mais básicos (G1 e G2) e mais avançados (G3 e G4). Cerca de 75% das empresas mapeadas se encontram nas categorias G1 e G2 e apenas 1,6% no patamar G4. “Uma pequena elite das empresas brasileiras ou subsidiárias de multinacionais se encontra mais próxima à fronteira tecnológica”, declarou Coutinho. Já o menor desenvolvimento ocorre na maioria dos casos em pequenas e médias empresas.
O economista reforça que, além de implementar novas tecnologias, é fundamental desenvolver e capacitar a mão de obra. “Caso contrário, corre-se o risco de comprar a solução pronta e não avançar no desenvolvimento. Também não adianta ter o equipamento e não saber operar.”
Texto com informações do DCI
Data: 21/05/2018
Hora: 05h05
Seção: Produtividade
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