Uso de dados no setor de saúde ainda engatinha no Brasil

13/08/2018

A transformação digital, já consolidada em alguns setores, ainda dá passos lentos na saúde no Brasil. Menos de 30% dos serviços públicos de saúde são digitalizados hoje, de acordo com um relatório da PwC. O assunto foi tema de discussão na semana passada no GovTech, evento sobre a transformação digital do país. Um dos paineis reuniu Elizabeth Jucá, secretária de Saúde da Prefeitura de Juiz de Fora (MG), Gonzalo Vecina Neto, professor da Faculdade de Saúde Pública da USP, Patrícia Ellen, presidente da empresa de tecnologia na saúde Optum, com mediação de Marcos Lemos, da RedPoint Ventures.

No painel, o professor da USP afirmou que não há saída para o “e-health”. “É impossível não digitalizar a saúde, mas estamos atrasados tanto no setor público quanto privado”, destaca. O grupo chegou em um consenso que é necessário trazer mais tecnologia e digitalização para esse setor.

No entanto, a necessidade de digitalização por vezes é superada por outras mais pontuais e urgentes. “Enfrentamos dificuldades que as vezes não imaginamos, inclusive a falta de medicações”, afirmou Elizabeth Jucá, secretária de Saúde da Prefeitura de Juiz de Fora.

A tecnologia deixa de ser prioridade conforme às necessidades dos pacientes, ao mesmo tempo em que é uma aliada no tratamento destes. “O brasileiro é mais digitalizado, existem mais aparelhos celulares do que habitantes no país. Precisamos conectar a saúde, digitalizar esse acesso”, afirmou Patrícia Ellen, presidente da Optum.

Gonzalo Vecina Neto, também defendeu a integração de informações na área. “A saúde tem diversas profissões, são linhas de conhecimento diferentes. O prontuário único é mandatório”, afirmou ele durante o debate. Para o professor, os brasileiros, por alguma razão, “resolveram brigar com a eficiência”. “Nós não medimos, não temos métricas. No setor púbico, estamos parados na década de 50, em um tempo pré-digitalização”.

“Se existem 20 hospitais no Brasil hoje que utilizam prontuário eletrônico é muito. E isso eu estou falando do eletrônico, não do único. A sociedade precisa se manifestar em relação a isso”, diz o professor, defendendo que a tecnologia é o caminho para aumentar a eficiência do setor de saúde.

Para a secretária de Saúde, o prontuário único é um sonho de consumo. Um prontuário eletrônico avançado pode ser considerado uma raridade no país, segundo Gonzalo Neto, professor de saúde pública da Usp.

IoT na saúde

Segundo pesquisa da McKinsey, a internet das coisas (IoT) poderá ter o impacto anual de US$ 3,9 trilhões à US$ 11,1 trilhões na economia até 2025 – e um dos setores mais impactados será a saúde.

Patrícia Ellen, presidente da Optum, se mostrou esperançosa quanto à implementação de IoT porque os dispositivos eletrônicos (como smartphones e tablets) estão tendo capacidades de processamento cada vez maiores.

Hoje, existem gadgets criados especialmente para monitorar a saúde, como smart watches – relógios inteligentes que monitoram desde batimentos cardíacos ao número de calorias perdidas em exercícios físicos. Com a existência de um prontuário único, dados rotineiros como esse poderiam ser aproveitados pelos profissionais da saúde.

Fonte: Startse
Data: 10/08/18
Hora: ------
Seção: Internet
Autor: Tainá Freitas
Foto: Luis Simione
Link: https://startse.com/noticia/saude-publica-brasileira-esta-parada-na-decada-de-50-diz-especialista