Quando o mundo todo ficou sabendo do uso e da influência que os robôs tiveram na eleição presidencial dos Estados Unidos em 2016, ajudando a espalhar fake news, ficou evidente o quanto a tecnologia pode impactar na política. Se, por um lado, há um temor quanto aos efeitos negativos da tecnologia na vida pública, é bom saber que ela também pode gerar efeitos positivos.
É o que mostram iniciativas como Mudamos, Operação Serenata de Amor, O Iceberg, Voto Legal e Mandato Aberto. Sem ser financiadas por partidos políticos nem ter “lado”, elas têm funcionalidades, objetivos e tecnologias diferentes, mas com um ponto em comum: facilitam o exercício da democracia.
Para Marina Barros, coordenadora de projetos no CTS (Centro de Tecnologia e Sociedade) da FGV Rio, as iniciativas têm como pano de fundo aproximar a política da sociedade civil, seja pressionando a prestação de contas, seja convidando à participação.
No Brasil já há dezenas de projetos que cruzam tecnologia e política. O site Draft conversou com representantes de cinco delas para saber como funcionam e como podem ser úteis à população antes, durante e depois das eleições. Confira!
Mudamos
O aplicativo é uma iniciativa do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS Rio). Ele coleta assinaturas eletrônicas em projetos de lei de iniciativa popular. Além disso, é possível enviar um projeto feito por sua autoria. O aplicativo está disponível para Android e iOS.
Operação Serenata de Amor
Através da inteligência artificial, o projeto utiliza a tecnologia para averiguar contas públicas no controle social. O portal também produz artigos e buscam apresentar uma linguagem de fácil entendimento. Os dados são retirados da Receita Federal, Câmara dos Deputados, Portal da Transparência, entre outros. A iniciativa é open source, ou seja, permite que uma pessoa contribua no projeto. No Twitter, a plataforma apresenta algumas de suas averiguações.
O Iceberg
É um site de notícias criado há pouco menos de um mês por um grupo de servidores de carreira (Especialista em Políticas Públicas) no governo do Estado de São Paulo para organizar e fomentar o debate sobre problemas na gestão, que eles acompanham de dentro. Segundo Leandro Salvador, editor de O Iceberg, a ideia é também que jornalistas possam ter ali uma fonte para fazer suas próprias investigações. “Não tem vazamento de dados, não é WikiLeaks. É uma construção crítica sobre gestão pública”.
O Iceberg tem, ainda, duas funcionalidades: a Calculadora de Afinidade Eleitoral 2018, e o Partidômetro das Eleições pra Deputado. A primeira tem 23 perguntas separadas em áreas como educação, segurança, proteção social, energia e economia para as quais o interessado pode responder “sim”, “não” e “depende”. As respostas são comparadas a posições políticas dos nove principais presidenciáveis e o resultado mostra as porcentagens de afinidade de quem fez o teste com o que pensam os candidatos.
Há outras iniciativas com propostas semelhantes são: Match Eleitoral (da Folha de S.Paulo), Bússola Eleitoral, Tem Meu Voto, Me Representa, Voz Ativa, Appoie e Vota SP.
App Cívico
É uma startup de tecnologia que visa tanto o lucro quanto causar impacto positivo na sociedade. Dessa forma, pode ser considerada um negócio social. O fundador Thiago Rondon diz que a empresa faz projetos de “tecnologia cívica”. “De maneira geral, são tecnologias que empoderam os cidadãos ou tornam governos mais eficazes.”
Seu modelo de negócio é consultoria, atuando em quatro nichos de mercado: terceiro setor, universidades, empresas e governos (neste último apenas como parceria, sem contrato ou receita). Em três anos e meio de vida, o AppCívico já formulou mais de 35 projetos, entre eles o Mandato Aberto e o Voto Legal — dos quais falaremos logo abaixo. “A inovação está na sociedade civil organizada porque governos são muito cobrados para não errar. Por outro lado, são eles que têm escala, então acreditamos que podemos desenvolver tecnologias cívicas, digitalizando-os”, diz Thiago.
Mandato Aberto é um chatbot que auxilia a comunicação do político com seus seguidores, seja durante campanhas eleitorais (é usado para divulgar campanhas de crowdfunding, compartilhar decisões, mandar mensagens etc) seja depois de eleito (convocar para participação política, compartilhar notícias de sua gestão etc.). Resumindo, o Mandato Aberto é um bot que usa a inteligência artificial para tirar possíveis dúvidas que os eleitores tenham. Pode ser por mensagem de texto ou voz — o robô já interpreta áudio.
O Voto Legal, por sua vez, é uma plataforma de crowdfunding para campanhas políticas que, para garantir transparência ao processo, usa a tecnologia blockchain. Ou seja, cada transação é digitalmente assinada e tudo fica registrado no blocos sem possibilidade de adulteração.
*Com informações do Projeto Draft
Data: 14/09/2018
Hora: ------
Seção: Startups
Autor: Isabela Mena
Foto: ------
Link: https://projetodraft.com/como-a-tecnologia-pode-nos-ajudar-a-votar-melhor-conheca-algumas-das-principais-iniciativas/