Empreendedorismo: o que o Brasil tem a aprender com a China?

18/10/2018

A rapidez com que a China entrou na Nova Economia, por meio, principalmente, das startups de base tecnológica, tem chamado a atenção de todos. Depois de passar uma temporada em Shenzhen, uma das maiores e mais importantes cidades da China, José Renato Domingues, diretor executivo de pessoas, sustentabilidade e inovação da Tigre, constatou que o empreendedorismo é muito vigoroso no país. “Há um incentivo de formação de startups e empreendedores, com mentorias dos mais experientes. Aqueles que querem abrir um negócio têm apoio e conhecimento”, revela o executivo.

Em 2014, Li Keqiang, primeiro-ministro e chefe de governo da China citou pela primeira vez um termo que se tornaria comum no país: o empreendedorismo em massa. Naquele ano, a quantidade de empresas recém-fundadas na China cresceu quase 46%. Foi então que o governo reconheceu rapidamente que esse era um dos caminhos para fortalecer a economia chinesa. Assim, comprometeu-se a incentivar o setor por meio de políticas públicas que favorecessem e estimulassem o pequeno e médio empreendedor.

A isenção de tributos às empresas que criam novas tecnologias e produtos, a implementação de internet em todo o país para que os empreendedores pudessem expandir seus negócios e a eliminação de barreiras na compra e venda de tecnologia foram algumas das ações colocadas em prática. Com o passar dos anos, a China se tornou referência mundial, considerado por muitos o novo Vale do Silício.

O que falta no Brasil?

“Algo que notei na China e que não temos no Brasil é a formação e preparação dos jovens. Estamos refém de um modelo de sucesso de empreendedorismo muito estimulado nos últimos 20 ou 30 anos - que é do empreendedor de rua, que nasce como um ambulante ou monta um pequeno comércio”, diz Domingues. De acordo com ele, é essencial que o Brasil tenha o incentivo e a profissionalização daqueles que desejam empreender com tecnologia.

“Hoje, a preocupação do Brasil é formalizar as novas empresas para que elas paguem mais impostos e gerem empregos formais. Na China, não há essa preocupação. Eles querem que o empreendedor esteja cada vez mais voltado para inovação”, explica o executivo. Para ele, isso faz toda a diferença, já que mesmo as empresas mais tradicionais abertas no país acabam se relacionando de alguma forma com a tecnologia.

Entre as principais dificuldades para empreender no Brasil estão a burocracia e falta de incentivo do governo. O relatório Doing Business 2017, que classifica os países por grau de facilidade para fazer negócios e abrir empresas, apontou que o Brasil ocupa a 176ª posição em um ranking de 190 países. O tempo médio para abertura de um negócio no país é de 79,5 dias e são necessários 11 procedimentos para realizar a formalização. Na China o tempo cai para menos de um terço disso, com 22 dias e sete procedimentos. Em Hong Kong, o tempo é ainda menor: em um dia e meio já é possível abrir uma empresa.

“O nível de burocracia atravanca muito o empreendedor brasileiro. Temos mercados extremamente regulados. É difícil ter inovação em um ambiente como esse. Para o executivo, a essência da inovação é a velocidade. Sem isso, o contraste com a China continuará evidente.

*Com informações da Startse

Data: 17/10/18
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Seção: Notícias
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