Brasil cai em ranking de competitividade e inovação global

19/10/2018

O Fórum Econômico Mundial divulgou esta semana os resultados da edição de 2018 do seu Ranking Anual de Competitividade Global. E, mais uma vez, os números mostram o tamanho do problema que o Brasil e seus líderes têm de resolver se quiserem um país capaz de promover prosperidade a seus cidadãos. O país caiu três posições em comparação com 2017 e passou para a “metade de baixo” da tabela, ficando na 72ª posição entre as 140 nações pesquisadas. Décimo maior mercado entre os avaliados, o Brasil se destacou pela solidez de seu sistema financeiro. Em capacidade inovadora, embora não se compare às nações mais dinâmicas do mundo, o país fica na metade superior do ranking, em 40º lugar. Mas se colocou muito atrás em termos de dinamismo empresarial e ambiente macroeconômico. Em uma escala de 0 a 100 pontos, o Brasil fez 59,5. Isso depois de avançar um pouco em 2017 e já ter piorado bastante em 2016.

Pela nova metodologia adotada este ano, os Estados Unidos são o país mais competitivo do mundo, com 85,6 pontos, destacando-se principalmente em dinamismo empresarial, sistema financeiro e mercado de trabalho. Na sequência vêm Cingapura (83,5 pontos), Alemanha (82,8), Suíça (82,6), Japão (82,5), Holanda (82,4), Hong Kong (82,3), Reino Unido (82), Suécia (81,7) e Dinamarca (80,6). 

Brasil

Em dinamismo no ambiente de negócios, o Brasil ocupa a 108º posição, isso se deve principalmente pela dificuldade em abrir um negócio (é 137º nesse aspecto). Também pesaram contra o ambiente macroeconômico - neste ano, o país ocupa a 122ª posição - e o mercado de trabalho.

O professor Carlos Arruda, da Fundação Dom Cabral, avalia que as reformas trabalhistas, até o momento, provocaram o impacto oposto do desejado: o país sai do 99º lugar (52,8 pontos) para ocupar o 114º lugar (51 pontos) em 2018. Também aparecemos mal em mobilidade interna dos trabalhadores (138º lugar), impostos trabalhistas (137º lugar), flexibilidade do salário (124º lugar) e facilidade para contratar estrangeiros (122º lugar).

Os indicadores brasileiros acompanham a média latino-americana (baixa em relação ao mundo) em quase todos os pilares. No que se refere aos desafios do país de criar um ambiente favorável à competitividade, quatro pilares são considerados: instituições, infraestrutura, adoção de tecnologias de informação e comunicação e estabilidade macroeconômica.

Para o economista e professor da Fundação Dom Cabral, Gilberto Braga, se levados em consideração os indicadores ponderados pelo levantamento, a colocação do Brasil é justa. O especialista avalia que "burocracia administrativa elevada e a carga tributária alta" são os principais fatores que impedem o país de subir no ranking.

"Quando comparado com países desenvolvidos e os BRICS, o Brasil é aquele que é mais difere. Tem mais burocracia e não possui marco jurídico e regulatório fixo. Aqui se modificam as regras em uma velocidade muito grande, o empreendedor quando abre um negócio, às vezes antes de começar funcionar vê que a regra já mudou. Não se trata de capacidade ou criatividade, mas de má condição para se fazer negócios quando comparado com outras nações", critica.


De modo geral, o documento resume que a "economia global não está preparada para a 4ª revolução industrial". Das 140 economias avaliadas, 103 pontuaram menos da metade possível no critério capacidade de inovar - o que mostra, segundo o WEF, que inovação ainda é um empecilho para a melhoria da competitividade.

Neste ano, o ranking traz uma nova metodologia - 60% dos indicadores avaliados são novos. O índice de competitividade é formado por 98 variáveis agrupadas em 12 pilares, 22 subfatores e em 4 fatores de competitividade (ambiente institucional, capital humano, mercados e ecossistema de inovação). Segundo o WEF, ganharam maior peso na avaliação deste ano negócios disruptivos que estão impulsionando a competitividade, a diversidade na força de trabalho e o estabelecimento de um governo digital.

*  Com informações da Exame

Data: 16/10/18
Hora: 21h14
Seção: Notícias
Autor: ------
Foto: ------
Link: https://exame.abril.com.br/economia/brasil-cai-em-ranking-de-competitividade-mundial-2/