As concessões de créditos corporativos começam a migrar para prazos mais longos e a tendência é que os bancos foquem diretamente em micro, pequenas e médias empresas (MPMEs). A expectativa é que o movimento se intensifique a partir de abril de 2019.
Dados do Banco Central (BC), divulgados nesta quarta-feira, 28, apontam que mesmo com uma redução de 0,7% no saldo de recursos disponíveis para pessoas jurídicas em outubro deste ano contra igual mês de 2017 (de R$ 1,429 trilhão para R$ 1,418 trilhão), o volume de concessões tem demonstrado fortes avanços.
Na mesma relação, por exemplo, os empréstimos somaram um aumento de 15,3%, de R$ 119,7 bilhões para R$ 138 bilhões.
“O movimento é atípico e demonstra que não é uma queda de saldo porque está mais arriscado emprestar, mas sim porque o risco está alongado. O saldo caiu porque as empresas estão com maior capital para fazer amortizações”, explica o professor da Saint Paul Escola de Negócios Maurício Godói.
“É uma troca de dívidas de curto para longo prazo, com taxas de juros ainda menores do que o que observávamos no em 2017”, completou.
Ainda de acordo com o Banco Central, a taxa média de juros para as companhias apurada em outubro ficou em 16,1% ao ano (a.a.), um recuo de 1,9 ponto percentual (p.p.) frente ao visto em igual mês do ano passado (18% a.a.).
O mesmo aconteceu com os spreads médios [diferença entre o preço de captação bancária e o de empréstimos na ponta] que recuaram de 11 p.p. para 8,2 p.p. na mesma base de comparação.
Os prazos para o pagamento dos financiamentos corporativos, por sua vez, atingiram os 61,7 meses, aumento de 16,8% em relação a outubro de 2017, quando era de 52,8 meses.
“As companhias começam a sinalizar um movimento de recuperação, bem como uma demanda maior pelos créditos um pouco mais longos”, complementa Godói, da Saint Paul.
Um exemplo deste cenário é o avanço das concessões para capital de giro, puxadas principalmente para os créditos acima de 365 dias, que subiram 36,9% em outubro ante o mesmo mês de 2017, de R$ 7,628 bilhões para R$ 10,449 bilhões. No total, esses financiamentos subiram 29,5%, de R$ 12,692 bilhões para um montante de R$ 16,443 bilhões.
Para o professor de finanças da Faculdade Fipecafi George Sales, as perspectivas são mais otimistas também por conta do maior apetite bancário.
“Podemos esperar, até mesmo, um reflexo positivo nos indicadores econômicos. Os projetos começam a tomar uma forma mais concreta e, consequentemente, se tornam mais aptos à fomentos financeiros. Os bancos estão mais animados para emprestar”, comenta.
Para Godói, no entanto, as expectativas de melhora no consumo e consequente alta na inflação e na taxa básica de juros (Selic) podem trazer aumentos pontuais nas taxas cobradas às companhias.
Segundo o último relatório Focus, do Banco Central, a expectativa é que a Selic atinja 7,75% em 2019 e 8% em 2020. “De um lado, temos a Selic que pode aumentar os juros. Mas de outro, o maior apetite facilitam as concessões”, afirma o especialista, ressaltando que o foco principal dos empréstimos nas instituições financeiras tende a ser as micro, pequenas e médias empresas.
* Com informações do DCI
Data: 29/11/18
Hora: 05h
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