Em evento no TI Rio, gestora de RH da OLX defende estruturas flexíveis para gerenciar carreiras

13/08/2019

Uma proposta de estrutura flexível, avançada e compatível com a dinâmica das empresas, em vez dos tradicionais planos de cargos e salários, foi defendida pela gestora de RH da OLX, a psicóloga Simone Frazão, em sua palestra durante o 3º Encontro de RH para RH realizado pelo TI Rio. O evento reuniu profissionais das áreas de recursos humanos das empresas do setor de TI e teve como tema a discussão sobre os “Planos de Cargos e Salários”. Ela defendeu a necessidade de ir além do conceito destes instrumentos e que o papel das áreas de recursos humanos nas empresas é criar uma estrutura que permita o gerenciamento do pessoal. No mesmo dia foi lançada a 14ª Pesquisa de RH do setor de TI do Rio de Janeiro.

Segundo Simone, a OLX não tem um PCS, que considera retrógrados, mas uma estrutura que permite aos empregados terem seus próprios planejamentos de evolução na empresa e aos gestores fazerem o melhor gerenciamento de forma a reconhecerem os funcionários. Ela diz que há diferentes formas de lidar com a questão e afirma que as empresas precisam de estabilidade, mas não podem ter um PCS que enrijeça seus funcionamentos. Por isso, recomenda como fundamental em qualquer situação que na criação do PCS as pessoas sejam ouvidas.

Clareza e flexibilidade - Além disso, afirma que não se pode implementar nada que seja difícil de mudar. Como recomendação está a de ter clareza e flexibilidade. Na OLX, empresa onde 81% dos empregados têm até 35 anos de idade, um dos desafios é a retenção de pessoas, pois essa parcela mais jovem quer alavancar a carreira muito rapidamente.

Simone considera ainda um desafio fundamental para o RH ser reconhecido e respeitado pelos gestores da empresa. Para tanto, nessa conquista de espaço, é necessário que o papel do RH seja entendido como central para o funcionamento das organizações e que os objetivos da área, que são atrair, reter, engajar, reconhecer pessoal, apoiar decisões, oferecer estrutura e garantir a equidade interna, sejam claros.

Para chegar lá, Simone deu conselhos aos participantes. Entre outros, de que os profissionais devem ser parceiros dos negócios (ouvir as necessidades da empresa), devem buscar referências de mercado fazer benchmarking, estar aberto a novas ideias, sempre utilizar dados para embasar decisões; conectar as atividades com objetivos e valores do negócio (mostrar benefícios para o gestor); exercitar a capacidade analítica (criticar, não aceitar simplesmente o que vem do mercado, mas analisar sob o ponto de vista do negócio) e ser parceiro dos líderes, escutar, pedir e nunca tentar impor, mas, sim, se conectar aos gestores.

Nomenclatura dos cargos - Uma das questões que praticamente foi unanimidade entre os participantes é a quase impossibilidade de diferentes empresas apresentares a mesma nomenclatura para os cargos. Simone afirma que deve haver flexibilidade para atender às necessidades de cada empresa. Ressaltou a importância de ficarem explícitas as funções de cada cargo, o que, na OLX, é divulgado na Intranet. “A descrição dos cargos tem que ser atualizada permanentemente, pois vão se alterando.”

Outro ponto de destaque foi a retenção de pessoal, que já fora tema do 2o Encontro de RH para RH. Na OLX, explicou, são abertas duas janelas anuais para movimentação do pessoal. É uma forma de permitir aos gestores reconhecerem e promoverem seus colaboradores e, dessa forma, os reterem na empresa. Mesmo assim, admite, é difícil segurar as novas gerações. Essas revisões salariais regulares, afirma, permitem que o gestor seja ativo. “Não queremos ficar esperando o empregado chegar e apresentar uma proposta da concorrência para, só aí pensarmos como cobrir. Preferimos nos antecipar.”

Carreira em Y - Um instrumento de gerenciamento utilizado na OLX é a chamada “carreira em y”, que permite aos profissionais optarem ao longo do tempo entre seguir para um cargo gerencial ou ficar como especialista numa área técnica, mas assegurando ganhos financeiros, mesmo sem assumir cargos mais elevados na hierarquia. “Apresentamos tudo com clareza para cada um saber qual a possível movimentação na carreira, o que inclui o crescimento em movimento lateral.

Outro benefício gerenciado pelo RH da OLX é a Participação nos Lucros e Resultados (PLR). Simone ressalta a importância de ter critérios bem definidos e apresentá-los com clareza. No caso da empresa foi estendido para toda a empresa e homologado com o sindicato dos trabalhadores.

Pesquisa de RH - O Encontro marcou também o lançamento da 14a edição da Pesquisa de RH do setor de TI do Rio de Janeiro, que traçará um perfil das empresas do setor no estado.  As pesquisas de RH, explica o diretor do TI Rio e coordenador dos encontros, Luís Carlos Sá de Carvalho, traçam um panorama do setor nesse campo e ajudam na identificação de demandas que o TI Rio busca atender. Este ano as empresas têm até o dia 30 de setembro para responderem aos questionários, que, segundo Luís Carlos, estão mais simples.

Durante a roda de conversa que antecedeu a palestra de Simone foram apresentadas diferentes demandas das empresas do setor. Os relatos sobre as dificuldades  na equalização das nomenclaturas dos cargos; os receios quanto à novas mudanças anunciadas pelo governo federal para o e-Social; a perda de profissionais para o exterior; as dificuldades geradas pela convivência entre diferentes gerações de empregados dentro da mesma empresa e a busca de pessoal a partir da seleção em universidades, inclusive com a oferta de capacitação específica, foram abordadas.

Continuidade - Para dar sequência à troca de ideias e definir novas pautas, inclusive qual será o tema do próximo encontro entre os profissionais do setor no TI Rio, foi acordada a criação de um grupo de trabalho por meio do aplicativo WhatsApp.

Judite Assis e Ana Carolina, da Custom, empresa do município de Resende especializada na revenda de sistemas para gestão pública, viajaram- quase três horas para participar do encontro. Judite elogiou o resultado. “Valeu muito o resultado. A troca que fizemos foi ótima. Sentimos que nós, lá em Resende passamos pelos mesmos problemas de empresas com diferentes tamanhos. Seja a minha com 50 pessoas ou outra com mais de duas mil.” Fernanda Guimarães, da Alterdata, empresa desenvolvedora de software, ressaltou que a troca de informações é a chave para a inovação. “Foi ótimo ter vindo. Nós temos que estar sempre reinventando. Ouvir as experiências dos outros, saber um pouco de como cada RH atua é fundamental.”