Crise internacional: histórias reais de desafios dos gestores de TI

16/01/2009
Ao sinal de oscilação econômica, CIOs têm de lidar com CFOs e executivos de negócio que encaram a TI como uma fonte de custos pronta para ser drenada. Entenda como reverter esse quadro

Para sobreviver em 2009, o principal executivo de TI terá de levar a sério o que faz bem – ou não –, começando com a falta de alinhamento entre negócios e tecnologia, detectada na pesquisa da CIO. Assim, os executivos de TI precisam ser arrojados na hora de contratar, reorganizar e repensar todo ambiente de tecnologia, porque a ruptura já está em toda parte.

Entre os muitos casos reais de executivos que se anteciparam às turbulências está o de Rick Belmonte, CIO da construtora Lowe Enterprise. Por conta da crise, ele decidiu cortar 20% de toda a sua equipe de TI corporativa. Além disso, sua companhia adiou para 2010 a maioria dos novos projetos.

Antes de o governo federal salvar a seguradora AIG da falência com um aporte de US$ 85 bilhões, Patrick Lanza, CIO da companhia de seguros, estava empenhado em integrar os sistemas de TI dispersos em várias linhas de negócio. Agora, ele manteve a atividade mas ganhou outra função: ajudar a empresa a enxugar seu parque de tecnologia.

A seguradora Conseco está melhor financeiramente do que a AIG, mas, assim como a concorrente, amargou um prejuízo de US$ 180 milhões em 2007. O CIO do grupo, Russ Bostick, conta que, todos os dias, recebe ligações de empresas de recolocação profissional para oferecer candidatos que ele não pretende contratar. “Temos administrado as solicitações de recolocação com muito rigor”, admite Bostick. Com 650 funcionários ao redor do mundo, atualmente, o número de profissionais de TI é o mais baixo dos últimos cinco anos.

Da experiência de quem já foi executivo de tecnologia da informação da Xerox e da Rockwell, James Sutter, atualmente sócio do Peer Consulting, avalia que os gastos com TI estão entre os mais visíveis nas organizações – apesar da dificuldade de mapeá-los, mesmo que em momentos de calmaria. “A crise financeira varrerá as iniciativas que realmente não passarem no teste de necessidade”, observa o especialista.

O mesmo vale para os CIOs. Aos olhos de muitos CFOs, os gastos com TI, que este ano atingiram a média de 5% do faturamento das organizações, representam um profundo lago de dinheiro pronto para ser filtrado quando for preciso.

Mesmo com esse cenário pouco animador, os principais executivos de TI precisam estar preparados, pois se os cortes em suas áreas forem muito grandes ou nos lugares errados, a companhia pode não conseguir tão, mas, se o corte for profundo demais ou nos lugares errados, a companhia não conseguirá dar respostas rápidas. “Em tempos de crise, as áreas de negócio tentarão criar novos produtos para obter receita”, ressalta June Drewry, ex-CIO da Chubb, ao lembrar que isso, invariavelmente, vai envolver a TI.

Assim, com orçamentos enxutos de tecnologia, os executivos sedentos por crescimento encontrarão o poço seco. O que, além de fomentar a insatisfação interna com TI, pode atormentar ainda mais o negócio.

Como contornar esse dilema? O CIO precisa desenvolver as características pessoais que o distinguem como alguém qualificado e afeito a mudanças: abrangência de conhecimento, capacidade de “vender” uma história e sustentá-la com dados e coragem para assumir responsabilidades. Não estamos dizendo que vocês conseguirão evitar o corte de custos. Não agora. Mas, se seguirem as dicas dos profissionais que já exercitam essas habilidades, provavelmente farão cortes criteriosos, de um modo que lhes permitam concentrar suas energias naquilo que ajudará a companhia a crescer na vicissitude: o cliente. Quando o inferno financeiro chegar ao fim, talvez se dêem conta de que passaram no teste de necessidade.

Site: CIO
Data: 15/01/2009
Hora: 08h00
Seção: Gestão
Autor: Kim Nash
Link: http://pcworld.uol.com.br/noticias/2009/01/14/excesso-de-bugs-faz-mozilla-atrasar-lancamento-do-firefox-3-1-beta-3/