Executivos não creem nos planos das empresas para crise

26/01/2009

Uma pesquisa conduzida em dezembro pela Booz & Company com 828 altos executivos, em 65 países, revelou que as empresas - sólidas ou frágeis financeiramente – enfrentam dificuldades para tomar as decisões certas no cenário econômico atual, e que boa parte de seus altos executivos não está certa de que suas empresas estão preparadas para atravessar a crise.

De acordo com a pesquisa, 40% dos executivos sêniores questionam os planos da companhia para responder à crise econômica, enquanto um número ainda maior – 46% - não acredita que a liderança é capaz de levar o plano adiante. Além disso, um terço dos CEOs e altos executivos não tem confiança nos planos que eles mesmos, presumivelmente, desenvolveram.

No Brasil, os executivos têm avaliações semelhantes, porém um pouco mais otimistas que a média mundial. Embora 39% dos executivos se mostrem céticos com os planos desenhados pelas empresas para enfrentar a crise, somente 35% deles (portanto 11 pontos percentuais a menos que índice mundial) questionam a capacidade dos líderes em realizar o plano definido.

Medidas inadequadas
“Há uma falta de conexão entre o que as companhias deveriam fazer durante a crise e o que estão realmente fazendo”, explica Ivan de Souza, presidente da Booz & Company no Brasil. “Muitas empresas estáveis e fortes estão extremamente conservadoras no momento. E muitas das companhias em dificuldades deveriam estar se movimentando de forma mais agressiva para preservar o caixa.”

No mundo, 65% das companhias mais frágeis financeiramente não estão priorizando a preservação e geração de caixa a curto prazo para sobreviver. Por outro lado, um quarto das empresas consideradas financeiramente sólidas não estão explorando integralmente suas oportunidades de crescimento. Na média, 36% dos respondentes no mundo inteiro acreditam que as companhias estão adotando medidas inadequadas perante a crise.

No Brasil, a situação é similar: 37% dos respondentes acreditam que as companhias não estão tomando medidas adequadas. Os executivos avaliam que 73% das empresas mais fracas não estão enfocando na preservação do caixa. Entre as mais sólidas, 22% estão deixando de buscar novas oportunidades de crescimento. Em outras palavras, as empresas em dificuldade e as frágeis deveriam estar focando os seus esforços em melhorar a sua posição de caixa, cortar as despesas, melhorar processos e renegociar os acordos com os fornecedores. Entretanto, surpreendentemente, a maioria delas não está fazendo isso. Entre um quarto e um terço dos respondentes afirmou que as empresas não estão mais agressivas nessa direção do que já estavam antes da crise.

Por outro lado, é esperado que as empresas estáveis tirem proveito da situação comprando companhias com produtos interessantes, mas fracas financeiramente, ou buscando novos caminhos para crescer. No entanto, 21% delas estão voltando atrás em fusões e aquisições. Uma em cinco empresas estáveis está investindo menos em novos produtos ou diminuindo o ritmo em mercados emergentes.

Excesso de otimismo
Enquanto mais da metade (54%) dos executivos no mundo e 62% dos profissionais no Brasil acreditam que as suas companhias sairão fortalecidas da crise, a pesquisa indica que o otimismo não tem correlação com os planos das empresas. Além disso, 88% dos executivos brasileiros expressam uma visão positiva das finanças de suas empresas hoje; apenas 9% disseram que trabalham para companhias que são frágeis financeiramente. “Esse otimismo provavelmente baseia-se no fato de que muitas empresas ainda não sentiram o verdadeiro impacto da crise”, afirma Ivan de Souza.

Já quando o assunto são as iniciativas de responsabilidade social e ambiental, há uma crença entre 40% dos respondentes de que essas ações serão adiadas devido à crise. No Brasil, os executivos são um pouco mais otimistas: 31% acreditam que haverá algum atraso nessas iniciativas, e 34% acreditam que as ações manterão o mesmo ritmo. A retração de iniciativas “verdes” poderá ser especialmente pronunciada nos setores de transporte e energia, pois 51% e 47% dos entrevistados desses setores, respectivamente, afirmaram que as plataformas nessa área serão adiadas.

A pesquisa foi a campo em dezembro de 2008. Os entrevistados eram representantes dos principais setores da economia, de serviços financeiros à assistência médica, de energia a bens de consumo. Trinta e sete por cento dos entrevistados eram CEOs ou executivos que se reportam diretamente aos CEOs; outros 24% estão dois níveis abaixo de CEO. Geograficamente, a pesquisa capturou respostas de gestores em 65 países. A maior representação cabe à Europa Ocidental, com 38% da amostragem, seguida da América do Norte, com 30%, e dos mercados emergentes, com 28%.

No Brasil, 42% dos respondentes eram CEOs ou seus executivos diretos. Outros 28% estavam dois níveis abaixo do CEO.

Site: Canal Executivo 
Data: 22/01/2009
Hora: ------
Seção: Pesquisa
Autor: ------  
Link: http://www2.uol.com.br/canalexecutivo/notas09/220120093.htm