Trimestre será difícil para fabricantes de PCs no Brasil, diz IDC

30/01/2009

São Paulo - Mercado de PCs verá retração pela primeira vez em 5 anos. Tensão causada pela crise dá lugar às consequências reais da recessão.

Vida dura para os fabricantes de computadores neste começo de ano. Expectativas dos dois principais institutos de pesquisas especializados em tecnologia dão conta que o primeiro trimestre de 2009 será o pior em, pelo menos, 5 anos. Depois de muito tempo, o setor deve ver uma retração nas vendas.

Como se não bastasse, a situação está complicando ainda mais com o lançamento de novas medidas para controlar as importações. Segundo Luciano Crippa, analista de mercado da IDC, a exigência de licenças prévias para importação de insumos pode causar prejuízos à indústria.

Sob a justificativa de eliminar “discrepâncias” nos números de importações, o Departamento de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) passou a analisar cada pedido antes de liberar a entrada de produtos importados no Brasil.

Para Crippa, o governo tenta, com a medida, ter mais controle sobre a balança comercial. “O que não pode acontecer é o governo tomar medidas que atrapalhem o setor, que já está sofrendo forte pressão”, afirma o analista.

A pressão realmente é grande. Dados da IDC mostram que no último trimestre de 2008, as vendas de PCs caíram 11,9%, totalizando 2,7 milhões de unidades. No mesmo período do ano anterior, as vendas chegaram a 3,1 milhões de máquinas. Em 2009, a retração deve seguir o mesmo ritmo no primeiro trimestre, ficando em cerca de 12%.

O Gartner também não está prevendo bons ventos para o segmento. De acordo com Luis Anavitarte, vice-presidente para mercados emergentes da empresa, o primeiro trimestre de 2009 deve ser muito complicado para as fabricantes. “No final do ano passado, o mercado foi mais impactado pela tensão gerada pela crise, que reduziu a confiança dos consumidores. Em 2009, vamos começar a sentir os efeitos reais da crise econômica”, afirma o executivo.

Dados do instituto mostram que o quarto trimestre de 2008 foi o pior para a indústria global de PCs desde 2002. Anavitarte explica que, na América Latina, o mercado está sendo afetado por três questões relacionadas à economia: a retração do crédito, a alta do dólar e a diminuição da confiança dos consumidores, que estão mais cautelosos em relação a investimentos. “As pessoas estão adiando a troca de computadores”, relata o consultor.

Essas condições geram um desafio muito grande para os fabricantes: controlar os estoques. De acordo com Anavitarte, os fabricantes terão de repensar seus inventários, reduzindo estoques. Por esse motivo, a tentativa do governo de controlar as importações pode ser extremamente complexa para a indústria de PCs.

A alta do dólar também contribui para a complicação do cenário. Crippa relata que até setembro do ano passado a moeda americana valia, em média, 1,66 real. Atualmente, o valor médio está em 2,29 reais, uma alta de quase 40%. De alguma forma, este aumento será repassado para o consumidor, pressionando as vendas ainda mais.

Para o vice-presidente do Gartner, os setores de consumo, especialmente as classe mais baixas, e de pequenas empresas devem ser mais afetados pela crise. Entre as médias e grandes empresas, o instituto espera um adiamento na renovação dos parques tecnológicos.

Site: IDG Now!
Data: 29/01/2009
Hora: 08h58
Seção:Mercado
Autor:Rodrigo Caetano
Link: http://idgnow.uol.com.br/mercado/2009/01/29/trimestre-sera-dificil-para-fabricantes-de-pcs-no-brasil-diz-idc/