Colômbia oferece incentivos fiscais para atrair empresas de tecnologia

03/04/2009

São Paulo - Benefícios incluem isenção de impostos, mão-de-obra qualificada e mais barata e oportunidade de negócios em mercado ainda em expansão.

Por Fabiana Monte, editora-assistente do COMPUTERWORLD

02 de abril de 2009 - 07h00

O governo da Colômbia quer atrair empresas de tecnologia para atuarem naquele país, com a oferta de incentivos fiscais e um programa de auxílio a investidores interessados em abrir negócios por lá.

Os benefícios incluem isenção de tributos sobre software desenvolvido na Colômbia - mesmo que seja para exportação -; dedução de 125% do imposto de renda sobre investimentos em pesquisa e desenvolvimento aprovados pelo Colciencias (instituto colombiano para o desenvolvimento de ciência e tecnologia); e isenção de imposto para a exportação de serviços prestados a partir da Colômbia.

Outro atrativo é a possibilidade de importar bens de capital vinculados à prestação do serviço com isenção de impostos, desde que a empresa exporte 150% do valor em serviços. Além disso, existem 41 zonas francas permanentes ou uniempresariais, em todo o território nacional. Para empresas de tecnologia, o regime de zonas francas permite dedução de 50% sobre o imposto de renda e vendas no mercado local.

As zona francas uniempresariais são estabelecidas a partir da solicitação de uma nova empresa que será criada no País. Para isso, é preciso investimentos mínimos de 2 milhões de dólares e a criação de 500 empregos diretos em prazo de 36 meses.

Precisa-se
Segundo Diego Penagos, assessor de investimento estrangeiro da Proexport-Colômbia, escrítório comercial colombiano no Brasil, as oportunidades para empresas de tecnologia naquele país não se restringem a segmentos específicos, pelo contrário.

"As empresas de tecnologia da Colômbia são pequenas. Elas não conseguem oferecer diferenciação de produtos e têm pouca experiência. Precisamos de produtos especializados e com experiência de grandes implementações", diz Penagos, que é especialista no setor de tecnologia da informação.

"Posso dizer que não há um mercado específico para empresas de tecnologia na Colômbia. Precisamos de tudo, somos o que vocês chamam de late adopter", completa.

Pelos cálculos do assessor, entre as 2.700 empresas de tecnologia colombianas, a maior delas tem cerca de 500 engenheiros, o que indica uma grande possibilidade de consolidação do setor. Além disso, o segmento de pequenas e médias companhias na Colômbia utilizam pouco as ferramentas tecnológicas.

Para incentivar a adoção de tecnologia pelas PMEs, o governo colombiano estabeleceu um programa que permite a dedução, em um ano, de até 40% do valor investido em ativos fixos produtivos, que são software e hardware.

"A Tata [Consultancy Services] está na Colômbia graças a esse programa de atração de investimentos, que estamos realizando há cerca de 2 anos", conta Penagos.

Segundo dados da consultoria IDC, o mercado colombiano de tecnologia da informação deve crescer 12% entre 2007 e 2012, partindo de 2,4 bilhões de dólares, valor é pequeno quando comparado ao montante total do setor na América Latina no mesmo ano: 47,6 bilhões de dólares.

Em 6 anos, investimentos cresceram 323%
Em 2008, a Colômbia recebeu aproximadamente 8 milhões de dólares em investimentos estrangeiros diretos, 323% superior aos números de 2002, quando o governo colombiano deu início a um combate intenso ao narcotráfico e à guerrilha que dominavam o país. Naquele ano, havia 3 mil sequestros por ano na Colômbia, contra a média atual de 50 por ano.

Diminuir os índices de violência é parte da estratégia do governo colombiano para atrair investidores para o país, classificado pelo relatório "Doing Business", do Banco Mundial como o segundo melhor ambiente para se fazer negócios da América Latina - atrás do Chile - e o 53º em todo o mundo. O Brasil ocupa, respectivamente, a 10ª e a 125ª colocações em um ranking de 181 países datado de 2009.

"São dois extremos. O Brasil tem um histórico de instabilidade. No setor de software, há 20 anos era proibido importar software, depois, começamos a poder importar, mas com o dólar turismo, que é mais caro, depois, não sabiam se software era serviço ou produto e por aí vai", compara Jorge Landmann, diretor da Abes (Associação Brasileira das Empresas de Software).
Em relação à proteção a investidores, a lista "Best Countries for Business", da revista Forbes, apresenta a Colômbia na 18ª posição no mundo e a 2ª na América Latina. Parte do bom desempenho colombiano no que diz respeito a este aspecto deve-se ao mecanismo chamado de "Contrato de Estabilidade Jurídica". Com este documento, os investidores têm a garantia de que as normas e leis vigentes naquele país não sofrerão alterações, mesmo com novos governantes.

Leis trabalhistas flexíveis e salários menores
Outro contraponto em relação ao Brasil são as leis trabalhistas colombianas, que facilitam o processo de contratação e demissão de funcionários. O País é o terceiro da AL com os menores custos trabalhistas da região.

A jornada de trabalho é a mais extensa entre os países da América Latina e os salários são mais baixos que os brasileiros. Um engenheiro de sistemas recebe cerca de 536 dólares por mês naquele país. Profissionais de TI com pós-graduação ganham, em média, 962 dólares.

O setor de tecnologia da informação gera 32.000 empregos na Colômbia, dos quais 14.000 são diretos. O país tem aproximadamente 60.000 engenheiros de sistemas com formação superior.

Site: Computerworld
Data: 02/04/2009
Hora: 07h00
Seção: Negócios
Autor: Fabiana Monte
Link: http://computerworld.uol.com.br/negocios/2009/04/01/colombia-oferece-incentivos-fiscais-para-atrair-empresas-de-tecnologia/