São Paulo - Entre os países preferidos para offshore de serviços de tecnologia da informação, o Brasil oferece o melhor pacote de vantagens.
Os rumores a respeito da possível ação da IBM de transferir cerca de quatro mil vagas de trabalho dos EUA para a Índia manteve a empresa no centro das atenções nas últimas semanas.
E, além de despertar reações contrárias do sindicato de funcionários da empresa, o Alliance@IBM, a possibilidade criou uma certa expectativa para países que poderiam receber postos de trabalho com a transferência das atividades.
De acordo com Antônio Carlos Rego Gil, presidente da Brasscom (Associação Brasileira das Empresas de Softwares e Serviços de TI), o Brasil seria um dos grandes beneficiados nesse processo. “As empresas globais estão claramente buscando China, Rússia, México, Filipinas e Brasil. A Índia também está nesse pacote, mas a tendência é que sua importância diminua devido aos atentados terroristas e aos problemas de governança da Satyam”, afirma.
Segundo Gil, entre todas essas nações, o Brasil é o que apresenta o maior número de benefícios se forem analisadas região geopolítica, qualificação de mão-de-obra e sofisticação do mercado interno. “O custo para abrir vagas no Brasil, que era um dos grandes entraves, já caiu graças a algumas políticas de incentivo do governo. Fora isso, os custos internos foram reduzidos com a mudança da taxa cambial, o que nos posiciona muito bem nesse mercado de offshore”, enumera.
Para Pedro Bicudo, analista da TGT Consulting, a abertura de postos de trabalho nas subsidiárias das maiores empresas de tecnologia em países em desenvolvimento é uma realidade, mas não está necessariamente atrelada a offshore. “Acredito que o caso da IBM, por exemplo, não se trata de transferência de vagas, mas sim de abertura de outras vagas, não necessariamente para os mesmos serviços daquelas que foram fechadas”.
Na opinião de Bicudo, o movimento de demissões nos EUA está muito mais ligado à queda da economia norte americana. É um ajuste estrutural e não um emprego que vai ser substituído em outro lugar. “A filial indiana dos EUA atende muito mais o mercado asiático e o europeu. Se a transferência de vagas ocorresse simplesmente por uma questão de custos, a IBM não esperaria uma crise, pois faz tempo que manter empregos fora dos EUA é bem mais barato”, avalia.
Apesar disso, Bicudo concorda com quem se queixa da possibilidade da empresa abrir, em outros países, vagas que poderiam ser criadas nos EUA. O analista ressalta que este tipo de ação foi um dos responsáveis pela crise.
“A crise não é só financeira, a crise é de emprego também. O sistema financeiro teve um forte papel, mas enquanto os EUA mantêm somente as vagas de ponta no próprio país, grande parte da classe média passa a ter dificuldades no mercado. Manter o capital intelectual é bom, mas somente esses trabalhadores não conseguem movimentar toda a economia”, comenta Bicudo.
Site: Computerworld
Data: 06/04/2009
Hora: 08h11
Seção: Carreira
Autor: Rodrigo Afonso
Link: http://computerworld.uol.com.br/carreira/2009/04/06/brasil-esta-em-bom-momento-para-receber-vagas-de-multinacionais-dizem-especialistas/