Open source é oportunidade para outsourcing de TI no Brasil

14/05/2009

A exportação brasileira de serviços de TI somou R$ 2,3 bilhões em 2008, de acordo com um levantamento realizado pela IDC por encomenda da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom). Na ocasião em que anunciou os números, em abril deste ano, o instituto de pesquisas afirmou ver boas oportunidades para o mercado brasileiro de exportações.

Nesta quarta-feira (13), porém, Peter Bendor-Samuel, CEO do Everest Group, disse que o Brasil está ainda em um estágio embrionário no que diz respeito à oferta de serviços de tecnologia para o exterior. "Acredito que estejam no caminho certo, mas deve levar cerca de dois a três anos para amadurecer", disse o executivo, em palestra ministrada durante o Brasil Outsourcing e Captive Centers 2009, que acontece esta semana em São Paulo.

Bendor-Samuel disse ainda que as grandes empresas globais diversificam cada vez mais suas contratações para além da Índia e Filipinas, de modo que o Brasil tem grande oportunidade para se tornar a alternativa complementar às estratégias dessas companhias. "Existe um grande apetite por contratar serviços brasileiros, mas essas organizações precisam ver algumas mudanças na estrutura da indústria local", observou.

Flávio Grynszpan, coordenador do Outsourcing Brasil, explicou que os provedores de serviços brasileiros oferecem o mesmo que seus concorrentes quando o assunto é exportação de TI. "No final das contas, acabamos brigando por custo, e aí saímos perdendo por uma série de fatores, incluindo legislação trabalhista e salários", afirma. "A saída, em sua opinião, está na busca de ofertas diferenciadas aos potenciais compradores de serviços brasileiros."

Mais do que competição, o Brasil precisa pensar em colaboração", reforça Bendor-Samuel. "Para trazer atenção ao Brasil, é preciso mostrar que se pode oferecer daqui coisas que ninhguém tem", acrescenta. Entre as "coisas que ninguém tem", o executivo do Everest Group destaca o potencial da comunidade brasileira de open source.

Na edição 2008 do Brasil Outsourcing, Bendor-Samuel comentou que as empresas brasileiras precisavam ser mais agressivas para ganhar terreno na árena da exportação de serviços de TI. "De lá para cá, algumas empresas o fizeram e colhem frutos. Minha dica para que o Brasil atraia investidores continua sendo a mesma, mas não basta ser mais agressivo. É preciso também ser criativo e ampliar ofertas", acrescenta. "A exemplo do que a Índia fez, as empresas aqui precisam ser competitivas, claro. Mas também precisam colaborar entre si", completa.

Como CEO de uma empresa global ainda sem escritório estabelecido no Brasil, Bendor-Samuel explica que ao analisar investimentos no mercado brasileiro, as empresas buscam uma razão para tal. "O Brasil pode, por exemplo, se transformar no centro global de referência em serviços de código aberto nos mais diversos setores da economia", sugere o executivo.

"Temos no Brasil uma grande comunidade de código aberto. E isso pode facilmente tornar o país uma referência no assunto. Poderíamos criar um cluste de open source junto a empresas de outros países, e não apenas entre empresas locais", concorda Grynszpan. "Esta pode ser uma oferta que nos permita competir não apenas em termos de custo, mas que nos diferencie dos concorrentes", finaliza Grynszpan.

Site: Convergência Digital
Data: 13/05/2009
Hora: 10h01
Seção: Gestão
Autor: Fernanda Ângelo
Link:http://www.convergenciadigital.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=18788&sid=16