Migração para rede IP desafia modelo de negócios das teles
27/05/2009
São Paulo - IDC avalia que operadoras devem mudar forma de olhar para o mercado e passar a raciocinar em termos de oferta de serviço.A transição das redes de telecomunicações tradicionais para uma infraestrutura baseada no protocolo internet (IP) vem provocando, além de transformações tecnológicas, mudanças no modelo de negócios das operadoras.De acordo com Chris Lewis, vice-presidente mundial de telecomunicações da consultoria IDC, a mudança tecnológica é complexa e envolve a reconstrução de redes, um processo que leva tempo - cerca de 15 anos - e fortes investimentos de capital.A Telefônica, operadora de telecomunicações que atua no Estado de São Paulo, é um exemplo de empresa que está experimentando essa migração. A complexidade dessa operação é um dos motivos, segundo especialistas, que levaram a Telefônica a apresentar quatro falhas técnicas em menos de um ano.No entanto, embora longa e complicada, a migração para a tecnologia IP simplifica o ambiente de rede. Se antes havia diferentes infraestruturas para cada tipo de serviço prestado, o protocolo internet consolida a rede e torna mais eficiente a gestão desse ambiente."As teles têm muita tradição em engenharia, mas precisam mudar seus modelos de negócios e passar a focar em serviços. Leva tempo para essa mudança cultural ocorrer", analisa Lewis. Há uma década, o serviço de telecomunicações limitava-se à comunicação por meio de voz. Depois, passou à oferta de conexão discada, banda larga e soluções como IPTV, por exemplo. E não é exclusivamente a disponibilidade tecnológica que impulsiona o surgimento de novos produtos no setor de telecomunicações. A própria demanda dos consumidores exige das operadoras um foco cada vez maior em serviços, no que tange à quantidade e à qualidade."Devido à convergência tecnológica, nós não podemos nos esconder atrás da tecnologia da forma como fazíamos anteriormente", ressalta Lewis.Nesta nova dinâmica, as operadoras de telecomunicações passam a competir com provedores que não são do setor - e que, muitas vezes, nasceram sob este novo modelo de negócios. A Skype é um bom exemplo de empresa que usa estrategicamente a infraestrutura de telecomunicações para oferecer um serviço interessante para o consumidor. Esta é a transformação que o vice-presidente da IDC considera estratégica e, também, uma oportunidade que surge no cenário para as teles.Por outro lado, o cenário de convergência aproxima também os mercados de tecnologia da informação e telecomunicações. "Eles estão dançando, às vezes se aproximam, às vezes se afastam. Não vão se fundir, mas haverá intersecções", ilustra Lewis.A analogia do executivo exemplifica o movimento que os dois setores vêm fazendo, ao criar, simultaneamente, interdependência e um profundo relacionamento. É o caso de ofertas que vão de links de conectividade a gerenciamento de suporte a equipamentos de informática, até gerenciamento de redes e segurança, como é o caso de soluções da British Telecom, da Embratel e da GVT, para enumerar algumas. No cloud computing, por exemplo, tendência tipicamente demarcada no mundo da tecnolgia da informação, as operadoras de telecomunicações desempenham um papel fundamental. Em última instância, são elas as responsáveis por entregar o serviço em nuvem contratado. "Todo data center está sob uma rede. Temos de ter comunicação e o papel da operadora é garantir a entrega do serviço", destaca o executivo.Site: ComputerworldData: 26/05/2009Hora: 07h27Seção: TelecomAutor: Fabiana MonteLink: http://computerworld.uol.com.br/telecom/2009/05/25/migracao-para-rede-ip-desafia-modelo-de-negocios-das-teles/