Produção local é saída para déficit no setor eletroeletrônico
02/06/2009
São Paulo - Proposta de política industrial e fiscal é entregue ao Governo para estimular exportação. Documento é baseado em pesquisa encomendada pela Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica.O Brasil corre sério risco de perder ainda mais competitividade no setor de eletroeletrônicos se não adotar, urgentemente, medidas de estímulo à produção local. O alerta foi dado por Humberto Barbato, presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), durante discurso de abertura do Fórum Abinee Tec 2009, que teve início nesta segunda-feira (01/06), em São Paulo (SP) e segue até a próxima sexta-feira (05/06).“Já estamos perdendo espaço para o leste asiático e não podemos caminhar apenas como um País importador de bens acabados no setor eletroeletrônico”, criticou. O déficit comercial do setor eletroeletrônico quadriplicou de 2002 para 2008 - de 6 bilhões reais para 22 bilhões de reais ou 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB) do País.Se nada for feito, Barbato disse que o déficit do setor chegará a 1,9% do PIB em 2020, ao passo que com uma política industrial forte, recuaria para 0,4%. Os dados são parte de estudo encomendado pela Abinee à LCA Consultores.O levantamento foi entregue ao presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) Luciano Coutinho e aos ministros do Desenvolvimento, Miguel Jorge, e das Minas e Energia, Edison Lobão, na abertura da feira.Embora o mercado de eletroeletrônicos tenha representado um 4,3% do PIB ano passado – em meio a um crescimento anual do faturamento da ordem de 9%, entre 2006 e 2008 -, a preocupação refere-se ao ritmo das importações.A LCA estima que o setor pode atingir 7% do PIB em 2020 diante de perspectivas positivas ligadas ao programa de inclusão digital do governo e das obras do PAC . “Precisamos ter um reequilíbrio da balança e criar condições para ampliar as políticas de exportação”, defendeu Barbato.O presidente da Abinee aposta que apenas uma política industrial agressiva pode estimular a instalação de fábricas de componentes no Brasil, levando à substituição de importações. O estudo da LCA sugere a troca do Processo Produtivo Avançado (PPA) pelo atual Processo Produtivo Básico (PPB), que é a contrapartida para as empresas obterem benefícios fiscais pela Lei de Informática.Para estimular os fornecedores de componentes, a sugestão do estudo é ampliar o atual programa da indústria de semicondutores, criado pelo governo Lula. A proposta é criar o Plano de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Componentes (Padic), com os mesmos benefícios fiscais que existem hoje para os semicondutores: isenção de imposto de renda, redução de imposto sobre produtos industrializados (IPI), programa de integração social (PIS) e contribuição para o financiamento da seguridade social (Cofins).Para aumentar a atratividade do Padic em relação ao programa atual, a LCA aconselha uma redução significativa da contrapartida exigida. Hoje, para obter os benefícios, as empresas têm de investir 5% do faturamento em pesquisa e tecnologia. Esse percentual recuaria para 2%.Se essas recomendações forem seguidas, o estudo prevê forte desaceleração da importação de componentes e aumento das exportações, o que provocaria um crescimento médio da produção doméstica em torno de 15% ao ano até 2020. A indústria de componentes representa apenas 0,3% do PIB do País e esse percentual chegaria a 1,1% dentro em um prazo de 11 anos.Site: ComputerworldData: 01/06/2009Hora: 16h58Seção:NegóciosAutor: Andrea GiardinoLink: http://computerworld.uol.com.br/negocios/2009/06/01/producao-local-e-saida-para-deficit-no-setor-eletroeletronico/