Internet via rádio e satélite enfrenta concorrência da banda larga 3G
25/06/2009
São Paulo - Tecnologias são alternativas para regiões aonde o ADSL e cabo não chegam, mas conexão via celular está roubando mercado.O Brasil tem mais de 11 milhões de conexões de banda larga - e a maioria delas é feita com as tecnologias ADSL e de cabo, segundo dados do último Barômetro Cisco, estudo semestral sobre a evolução da banda larga no País, conduzido pela IDC Brasil, consultoria especializada no mercado de tecnologia. No fim de 2008, havia 6,96 milhões de conexões ADSL e 2,61 milhões de conexões via cabo.“As soluções massificadas são as que dominam mesmo o mercado”, disse o analista de telecomunicações da IDC Brasil João Paulo Bruder, um dos autores do Barômetro Cisco. Infelizmente, essas tecnologias de acesso têm alcance limitado e não estão disponíveis em todo o território nacional.E é nesse vácuo de oferta que as conexões de internet via rádio e satélite encontram um espaço. “Quando o usuário não tem o cabo, acaba usando a internet nesses modelos”, disse Bruder, em entrevista ao IDG Now!. “O acesso via rádio microondas é uma alternativa quando não existe cabeamento. Já o satélite funciona bem em áreas muito remotas, como a rural. São alternativas de nicho”, comentou o analista.Somadas, as duas tecnologias contam com menos de 500 mil assinantes em todo o País. A tecnologia de rádio é a que mais tem usuários: 420 mil, segundo dados da consultoria Teleco referentes ao primeiro trimestre de 2009. Já a tecnologia via satélite conta com cerca de 30 mil usuários, também de acordo com a Teleco. A Neovia, provedora de internet via rádio que atua em São Paulo e em São José dos Campos, por exemplo, aproveita para atuar nas áreas mais distantes do centro. “Você tem lugares (dentro da cidade) onde o par trançado e o cabo não estão. Aí é que está a vocação do rádio”, disse o presidente do provedor, Alexandre Costa e Silva. Já o satélite tem a vantagem de chegar aonde nenhuma outra conexão chega. “Posso oferecer o serviço em qualquer lugar do Brasil enviando a placa de rede PCI (importada da Alemanha) por Sedex e o consumidor escolhe a antena parabólica apropriada na loja de sua cidade”, afirma Horário Belfort, dono do provedor Ragio, de acesso via satélite pré-pago que atende 700 clientes, atualmente, em todo o Brasil. DesvantagensEssas alternativas, no entanto, costumam ser mais caras que as conexões ADSL e via cabo. No caso do rádio, por exemplo, o serviço está disponível apenas em prédios e a conexão total é compartilhada pelos moradores do local. No caso do satélite, é preciso comprar a antena para a recepção dos dados.As assinaturas também são mais caras: o pacote básico da Neovia custa 70 reais - e a velocidade não é anunciada. “É suficiente para navegar pela web, conversar via comunicador instantâneo, ver vídeos no YouTube e outras coisas”, disse Costa e Silva. Ele reconhece, porém, que os chamados “heavy users”, que baixam muito conteúdo da internet, “podem ficar decepcionados”.No caso do satélite, o custo da oferta de longo alcance tem seu preço, o que concentra sua adesão ao mercado corporativo. O Ragio surgiu há quatro anos com a proposta de oferecer acesso rápido a usuários de baixa renda no interior do Brasil, explica Belfort, que também é fundador da Abusar, entidade de defesa dos consumidores de banda larga.Usando uma tecnologia de acesso unidirecional aplicada na França, o provedor oferece upload via acesso discado e download por satélite. O método, segundo Belfort, não deixa de atender as necessidades de upload dos usuários residenciais – mesmo para carregar fotos e vídeos na internet – e garante uma velocidade média de acesso mínima de 512 Kilobits por segundo (Kbps) e máxima de 2 Megabits por segundo (Mbps) por 100 reais mensais – valor pré-pago por 30 dias. “O cliente paga pelo uso e não tem contrato de fidelidade”.O custo inicial do acesso via satélite é alto, em relação a outras tecnologias de banda larga. No caso do Ragio, o usuário precisa desembolsar 550 reais em uma placa de rede PCI – instalada internamente no desktop –, além de uma média de 250 reais em uma antena parabólica de 1,5 metro de diâmetro. Para efeito comparativo, a StarOne, da Embratel, oferece internet via satélite somente para empresas, usando a tecnologia bidirecional - acesso via satélite para download e upload - que também apresenta variações de velocidade . Os planos de acesso corporativo oferecidos pela Star One custam a partir de 595 reais por mês - plano para pequenos escritórios com velocidade de 200 Kbps de download e 50 Kbps de upload - informa a empresa.Banda larga 3GPor causa dessas deficiências, as conexões por rádio e satélite estão sofrendo uma forte concorrência de uma terceira alternativa: o acesso à internet via banda larga 3G. “Conforme a internet móvel 3G vai se desenvolvendo, esses usuários migram para essa solução”, destaca Bruder, da IDC Brasil. Prova disso é que a banda larga 3G registrou crescimento acima dos 50% no segundo semestre de 2008 e terminou o ano com quase 2 milhões de assinantes, segundo o Barômetro Cisco.Costa e Silva, da Neovia, porém, não se mostra preocupado. “Quando foi anunciada, (a tecnologia) era uma preocupação. Depois de estudá-la, ficamos bastante tranquilos. O 3G não é tão rápido quanto o rádio”, afirmou. Além disso, ele explica que os provedores de rádio, assim que possível, deverão migrar para sistemas mais modernos, como o WiMax, que ainda depende da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para deslanchar. “A expectativa é que a tecnologia de rádio seja atualizada para o WiMax.”Apesar do avanço na cobertura do acesso via redes 3G, o satélite ainda ganha em estabilidade, compara Belfort. “Em caso de chuvas excessivas, o serviço pode travar, assim como ocorre com a TV paga via satélite”, explica. “No entanto, é muito mais difícil haver queda no sinal em relação à banda larga 3G”.Além disso, o satélite tem a vantagem de chegar aos lugares mais remotos do Brasil. “A internet via satélite está presente no Brasil inteiro. Numa aldeia de índios na Amazônia, você tem conexão”, disse Bruder, da IDC.Site: IDG Now!Data: 24/06/2009Hora: 11h31Seção: InternetAutor: Daniela Braun e Pedro MarquesLink: http://idgnow.uol.com.br/internet/2009/06/23/internet-via-radio-e-satelite-enfrenta-concorrencia-da-banda-larga-3g/