Software livre dá dinheiro
29/06/2009
Não é novidade que dinheiro e software livre podem andar juntos. Apenas nos últimos três meses, a popular Red Hat faturou US$ 174,4 milhões. A Novell, que para muitos dos participantes do Fisl 10 trabalha com "o lado negro da força” devido ao acordo assinado com a Microsoft, faturou US$ 216 milhões no mesmo período. Mas não é preciso ir tão longe para comprovar a eficiência do modelo de negócios baseado em código aberto. A gaúcha Solis, de Lajeado, fechou seu segundo ano de atuação em 2008, com R$ 1,3 milhões em caixa e deve crescer 25% neste ano. Uma parte importante virá de um projeto de R$ 2,5 milhões em parceria com a UCS que deve resultar em uma solução ERP baseada em código aberto com foco em universidades, batizado de Automatix e com previsão de lançamento para abril de 2010. “Escolhemos este modelo pois nos dá maior controle e flexibilidade”, afirma o professor Heitor Strogulski, do Núcleo de Processamento de Dados da UCS. “Não sou um aventureiro. Tenho a responsabilidade de manter o sistema de uma das mais tradicionais universidades do Rio Grande do Sul. O projeto está no prazo e, o melhor, dentro do orçamento previsto”, completa. Junior Alex Mulinari, presidente da Solis, afirma que a maior vantagem oferecida neste modelo de negócios é a liberdade do cliente e que as objeções de muitos executivos são infundadas.“Quem tem restrições ao software livre não conhece o modelo, tem que aprender que há um valor agregado de soluções e de um trabalho cada vez mais consolidado”, declara. Na visão de Fabio Berbert Paula, Fundador e mantenedor do portal Viva o Linux, para ingressar no mercado usando software livre, é necessário ter em mente que os clientes não querem saber de comunidade, mas de solução, projetos, métodos, processos e integração. “Também não basta implementar e ir embora, como muitos têm feito por aí. É necessário evoluir o modelo para uma relação de transparência com o cliente”, afirma o profissional. Claro que existem alguns bugs no caminho. Um deles é, segundo Anahuac de Paula Gil, desenvolvedor de uma interface de administração de servidores de e-mail e Samba, o fato de o brasileiro ainda é “totalmente inepto em matéria de software livre”. De acordo com Gil, não há colaboração nem entre usuários, nem do governo, e muitas vezes a comunidade acaba atacando a si mesma. “Produz-se pouco e alguns softwares não tem nenhuma relevância”, reclama o paraibano, que preside o Grupo de Usuários Gnu/Linux do seu estado. Em janeiro de 2008, Anahuac anunciou o cancelamento do seu projeto, que então já tinha de 3,4 mil downloads. Na época, o profissional publicou um extenso artigo, repleto de críticas ao meio acadêmico, ao mercado e à própria comunidade de software livre.A desistência não durou muito tempo e o projeto voltou à vida, agora rebatizado de KyaPanel. Anahuac não desistiu de ganhar dinheiro fazendo um software “bacana, que me ajude a pagar as contas, mas sempre mantendo a ética”. “Parece máxima romântica, mas não é máxima, nem romântica. É a realidade. Somente vai dar certo, se for algo que você goste, algo em que esteja envolvido. E só assim virá o dinheiro”, resume o paraibano.Site: BagueteData: 26/06/2009Hora: 17h02Seção: ------Autor: Márcia LimaLink: http://www.baguete.com.br/noticiasDetalhes.php?id=3508376