Tecnologia promete revolucionar os sistemas de armazenamento

24/07/2009
Entenda como funciona a desduplicação, que está levando as empresas de armazenamento a disputas bilionárias.Por quase um mês, duas das principais empresas do setor de armazenamento, as americanas EMC e NetApp, travaram uma verdadeira batalha por uma concorrente, a Data Domain, que, considerando seu tamanho, não deveria incomodar muito. Por trás dessa disputa, estava uma nova tecnologia que promete revolucionar o segmento: a desduplicação (do inglês deduplication para deduplicação). O que torna a desduplicação tão especial é a capacidade de reduzir, consideravelmente, o espaço necessário para armazenar dados. Por meio de algoritmos específicos, a tecnologia “divide” o dado em pacotes e elimina repetições. Dessa forma, arquivos com partes semelhantes não precisam ser gravados por completo. Segundo a consultoria IDC, em ambientes replicados, como os de backup, o uso da tecnologia vem crescendo em ritmo acelerado. A pressão por aprimorar o uso da capacidade de armazenamento nas empresas deve, também, promover o uso da desduplicação em outros ambientes de armazenamento, inclusive de missão crítica. Com o volume de informações sendo armazenadas exponencialmente — em 2008, o volume de informações digitais geradas no mundo cresceu 61%, chegando a 486,5 bilhões de GB, de acordo com dados de uma pesquisa feita pela IDC — as empresas estão buscando formas de adiar a necessidade de investimentos em espaço. A tendência, segundo o gerente de produtos da EMC, Ricardo Costa, é que o volume cresça ainda mais. “Cada vez mais processos estão sendo digitalizados”, diz. Outro motivo é que as corporações, por força de regulamentações, estão sendo obrigadas a guardar uma quantidade muito maior de dados. “Os call centers, por exemplos, hoje precisam gravar todas as ligações”, afirma Costa. Usar a desduplicação, para a fabricante de hardware e de soluções de armazenamento HP, é uma forma de proteger os investimentos. Segundo a gerente de marketing da empresa, Andrea Corrêa, a tecnologia possibilita enormes reduções de custos e o uso de sistemas de backup em disco, mais eficientes do que as tradicionais fitas. Como funcionaA desduplicação compara blocos de dados que estão sendo enviados para um dispositivo de backup com blocos de dados já armazenados no dispositivo. Quando encontra dados duplicados, em vez de gravar o arquivo por completo, a tecnologia cria uma indicação que fica gravada em um índice. No momento de recuperar o arquivo, o sistema recorre ao índice para encontrar as várias partes do arquivo. Duas apresentações em Power Point, por exemplo, mesmo tendo conteúdos diferentes, possuem diversas semelhanças. Ao fazer o backup de um desses arquivos, com a desduplicação, apenas as partes específicas da apresentação serão gravadas. “O interessante é que, quanto maior for o número de arquivos, mais benefício a tecnologia traz, pois serão encontrados mais dados semelhantes”, diz Costa, da EMC. Existem dois tipos de desduplicação. O primeiro, indicado para volumes menores de dados, é feito na origem, ou seja, quando o backup está sendo realizado. Segundo Andrea, da HP, a vantagem é a maior rapidez no processo como um todo. Mas, quando o volume de dados é muito grande, no caso de um data center, por exemplo, o mais indicado é a desduplicação no destino, feita após a transmissão das informações para o dispositivo de armazenamento. Os sistemas de desduplicação vêm embarcados diretamente nos equipamentos e são diferentes em cada fornecedor. Isso significa que não é possível apenas agregar a funcionalidade na infraestrutura existente; é preciso adquirir novos equipamentos. Também não é possível utilizar a tecnologia de desduplicação de determinada empresa em equipamentos de outro fabricante. A disputa pela Data DomainNo final de maio deste ano, a NetApp chegou a um acordo para a compra da Data Domain por 1,5 bilhão de dólares. Sediada na Califórnia, Estados Unidos, a empresa de 825 funcionários havia registrado um faturamento de 274 milhões de dólares em 2008. Poucos dias depois, a EMC fez uma oferta de 1,8 bilhão de dólares pela mesma companhia. Disposta a não perder a disputa, a NetApp, em um esforço radical para as finanças da empresas, contra-atacou com uma proposta de 1,9 bilhão de dólares. Novamente a negociação foi dada como certa. Mas, no início de julho, a EMC subiu a oferta para 2,1 bilhões de dólares. O montante, além de ser superior, envolvia apenas dinheiro, ao contrário da oferta da NetApp, que tem parte em dinheiro, parte em ações. Maior, a EMC fez valer o seu poder econômico. Segundo Costa, em relação à tecnologia, o que faz a Data Domain tão atrativa para a EMC é a tecnologia de desduplicação no destino. “Eles (Data Domain) possuem soluções muito fortes no mercado de pequenas e médias empresas”, afirma o gerente. Site: ComputerworldData: 23/07/2009Hora: 07h00Seção: TecnologiaAutor: Rodrigo CaetanoLink: http://computerworld.uol.com.br/tecnologia/2009/07/22/tecnologia-promete-revolucionar-os-sistemas-de-armazenamento/