É hora de voltar a investir e se preparar para 2010

Pouco mais de um ano depois do começo da crise econômica mundial, o momento é de retomada. Saiba como.
Um ano após o começo da crise econômica mundial, chegou a hora de se preparar para a retomada. Se 2008 foi o ano do rápido crescimento e da busca pelas grandes inovações e 2009 representou uma grande pisada no freio, 2010 deve ser o momento de fazer com que o orçamento da corporação se adapte à nova ordem do mercado, em que os riscos são muito calculados e a busca não é mais pelo que há de melhor, mas sim para o que é bom o suficiente para os negócios.

Pesquisa IT Leaders, realizada pela Computerworld e pela consultoria IDC com 339 CIOs, mostra que o foco é na diminuição de custos operacionais ao longo do próximo ano. A boa notícia é que outros investimentos, como conhecer e dar melhor atendimento aos clientes, reduzir riscos, melhorar controles e aumentar o portfólio de produtos de serviços são considerados prioritários pelas áreas de negócios das empresas.

"É momento de avaliar o impacto que os cortes tiveram na capacidade de reação dos negócios e de como agir rapidamente para retornar ao crescimento", afirma Ellen Kitzis, analista da consultoria de tecnologia norte-americana Gartner. Para ela, o problema do corte dramático de custos, principalmente quando ele atinge a força de trabalho, é o desafio que se impõe a empresa de retomar a possibilidade de crescer.

Segundo a analista, o final de 2009 é momento de pensar em crescimento e em ganhar uma visão prática sobre o que o departamento de tecnologia pode fazer pela companhia. E os cortes de custos, que foram priorizados pelos CIOs, merecem uma atenção mais intensa.

Nessa jornada, é fundamental avaliar os projetos que foram colocados em espera e analisar quais precisam ser retomados. Voltar da crise não significa manter o mesmo planejamento estratégico, com os mesmos projetos anteriores ao seu estouro. Significa refazer  todos os investimentos e começar a colocar ênfase naqueles curtos, com possibilidades reais de retorno rápido.

A avaliação do sócio-diretor da consultoria TGT, Ronei Silva, é de que TI deve se posicionar como um departamento ágil e flexível para atender às necessidades mais imediatas das áreas de negócios, ainda que com soluções que precisem ser substituídas no curto prazo. Em 2009, o planejamento estratégico é menos importante do que a movimentação para voltar ao crescimento.

O departamento de tecnologia, para o executivo, na maioria das organizações têm a imagem de burocrata, que retarda lançamentos, divulga longos cronogramas e esse é o momento ideal de mudar essa percepção. “Por isso é importante esquecer da pavimentação de caminhos, nesse primeiro momento, para se dedicar a projetos de oportunidade que agreguem valor ao negócio no curtíssimo prazo, seja para expor marca, aumentar participação do mercado, ou combater concorrente”.

Em 2010, a postura ágil deve permanecer, mas já começa o período em que o plano estratégico deve ser reformulado, sintonizando com o planejamento dos negócios. Apesar disso, gastar muito tempo das pessoas na elaboração de um portfólio complexo de projetos pode ser perda de tempo. No ritmo atual em que o mundo vive, cheio de tecnologias emergentes, ele pode mudar a qualquer momento.

Orçamento
Os orçamentos dificilmente sofrerão grandes alterações no curto prazo. “Com a crise, tudo mudou, inclusive o paradigma de crescimento pós-crise. TI deve enfrentar, a partir de agora, um ambiente de expansões e contrações constantes, o que leva a tecnologia a dirigir o orçamento para projetos que ofereçam eficiência e flexibilidade no trato com os negócios” afirma Ellen.

A atitude evita dois problemas que as empresas sofreram antes e durante a crise: a capacidade reduzida de reagir à retomada econômica e a introdução desordenada de grandes projetos de inovação que ficam pelo caminho e não se provam viáveis.

A analista do Gartner indica que uma forma fácil de realizar a primeira triagem dos projetos, ou seja, definir se eles devem ou não ser levados para frente, é avaliar se ele conta com o apoio contundente do líder de negócios ao qual ele se associa. A partir dos projetos priorizados, a estratégia é construída.

E a estratégia é fundamental para a elaboração dos orçamentos. O problema com a maioria das organizações, no entanto, é formular o orçamento sem levar a estratégia em consideração. Durante 2008 e 2009, graças aos momentos turbulentos, as companhias fizeram os dois planejamentos de forma separada, o que representa um grande erro.

Ellen cita o caso de uma empresa de equipamentos médicos que estava em fase de crescimento acelerado antes da crise e que realizou cortes abruptos no orçamento logo após o caos financeiro. O resultado foi a falta de planos de contingência e opções que permitissem que os cortes não afetassem os projetos críticos de negócios. “Com esse quadro, a companhia terá muitas dificuldades em encarar a retomada econômica”.

Com isso, a tendência será aproveitar as inovações do mercado de tecnologia que já apresentam um certo grau de maturidade e representam oportunidades. A computação sob demanda (cloud computing) e os modelos de software como serviço vão crescer em importância.

Outra estratégia é priorizar os fornecedores de software que sejam flexíveis nas taxas para manutenção de licença. Os grandes vendedores não dão muita margem para negociações, mas sempre há opções mais flexíveis no mercado.

Também pode-se evitar recorrer a soluções personalizadas. Em vez disso, uma boa ideia é adotar a arquitetura orientada a serviços (SOA), que possa ser facilmente adaptada a cada ambiente econômico.

E, depois de se preparar e agir de acordo com a nova ordem do mercado, o departamento de TI deve manter o faro para negócios sempre aguçado. Assim fica mais fácil identificar quais fatores vão afetar diretamente a capacidade de obter investimentos que façam a diferença para a companhia e agir em benefício da tecnologia e da empresa. É hora de recomeçar e investir em 2010. 

Site: Computerworld
Data: 20/10/2009
Hora: 07h00
Seção:Negócios
Autor: Rodrigo Afonso
Link: http://computerworld.uol.com.br/negocios/2009/10/20/e-hora-de-voltar-a-investir-e-se-preparar-para-2010/