Microsoft quer computação em nuvem "invisível"

23/11/2009

A incursão da Microsoft à computação em nuvem terá sucesso se a maioria das pessoas nem mesmo perceber que a nuvem está lá, afirmou o executivo que comanda a iniciativa.

O novo serviço Windows Azure será lançado em 1º de janeiro pela gigante do software e executará aplicativos dos usuários em seus servidores. O serviço pretende atender as necessidades dos usuários por meio de imensas centrais de processamento de dados e ajudando sites a se manterem operacionais em momentos de pico de demanda.

"Para os consumidores, o melhor resultado da computação em nuvem é que eles não a percebam", disse Ray Ozzie, vice-presidente de arquitetura de software da Microsoft, em entrevista durante a conferência anual de programadores da empresa.

"Empresas que não estão no ramo de tecnologia da informação --como grupos industriais e de varejo-- ainda assim têm de se relacionar com seus clientes on-line", disse Ozzie. "O Azure nos permite realizar o árduo trabalho de descobrir como construir esses sistemas de escala realmente grande, que atendem a todos os consumidores enquanto permitem que as empresas se concentrem em fazer aquilo em que são realmente boas."

Criador do programa de email Lotus Notes e considerado um dos pioneiros da indústria de software, Ozzie tem sido a força central empurrando a Microsoft em direção à computação em nuvem.

A segunda-feira depois do Dia de Ação de Graças --um dos dias de maior movimento do ano no comércio dos Estados Unidos-- serve como exemplo de momento em que uma empresa pode subitamente necessitar de mais servidores para processar as compras em seu site, mas não poderia arcar com o custo de manter esses servidores adicionais durante todo o ano.
"Da perspectiva do consumidor, assim que eles apertarem o botão do carrinho de compras on-line, eles serão capazes de concluir a transação", disse Ozzie. "Não perderão o conteúdo registrado no carrinho de compras e não precisarão usar o botão de retorno ou ficar preocupados em saber se a transação foi ou não consumada."

Crises de saúde ou desastres podem ser outros momentos em que operadores de sites precisem subitamente de mais capacidade para atender à demanda.

"O que a computação em nuvem permitirá que os departamentos de informática façam é adquirir poder de computação quando necessário", disse Ozzie. "Se você tiver um aplicativo que desejaria executar apenas para teste, pagará pouco; se a sua demanda crescer mais e mais, aumentaremos a potência e ofereceremos mais e mais capacidade."

Essa abordagem, que dá a desenvolvedores plataforma para escreverem aplicações on-line e espaço alugado em datacenters, soa como uma estratégia radical para a Microsoft, que tem contado com a venda de software empacotado e que precisa ser instalado nos computadores dos usuários.

Mas Ozzie afirma que o foco em software, não em como ele é entregue aos clientes, é o fio conector.

"O que fez a Microsoft ser o que é hoje é o software", disse Ozzie. "Não acho que há alguma mudança dramática aqui em termos de valor. Software é o cerne do que nós somos."
Ozzie, 53, assumiu a função de arquiteto-chefe de software da Microsoft em junho de 2006, quando o presidente Bill Gates decidiu se afastar das decisões sobre o dia-a-dia da empresa que ajudou a fundar.

Site: Folha Online
Data: 18/11/2009
Hora: 19h30
Seção: Informática
Autor: Bill Rigby
Link: http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u654395.shtml