Carlos Prado, da UFRJ, critica a ênfase exclusiva em infraestrutura e adverte para as barreiras culturais à massificação da internet.
A falta de uma política de educação digital para ensinar a população brasileira leiga em informática pode fazer “fracassar” o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), que está sendo elaborado pelo governo federal. O alerta é do professor Carlos Delorme Prado, do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Prado fez essa afirmação durante o do painel “Massificação da banda larga”, no 23.º Seminário da Associação Brasileira de Direito de Informática e Telecomunicações (ABDI), que acontece hoje e amanhã em São Paulo.
O economista observou que os técnicos do governo estão propondo medidas para massificar a banda larga focadas na expansão da infraestrutura. Citou, por exemplo, o projeto do Ministério das Comunicações (Minicom), que prevê, até 2014, 16 milhões de acessos de banda larga no Brasil, somando fixos e móveis, em vários tipos de tecnologias.
Segundo Prado, o objetivo do presidente Luís Inácio Lula da Silva com o PNBL é reduzir a diferença do Brasil em relação a países industriais de renda avançada, e consolidar aqui uma efetiva sociedade da informação. “A massificação da banda larga tem que acontecer associada a uma política de educação digital e de distribuição de PCs para a população de baixa renda”, defende o economista, lembrando a experiência bem-sucedida da Coreia do Sul.
Ele pondera que os países são diferentes, mas que essas questões foram levadas em consideração para expandir a internet rápida naquela região. “Do que adianta gastar bilhões de reais na construção de infraestrutura de banda larga, se pessoas analfabetas não saberão como acessá-la? O Plano fracassará”, afirma.
Desconhecida
Diagnóstico realizado pela Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), ligada à Presidência da República e que está trabalhando com outros órgãos do governo federal na elaboração do PNBL, revela a falta de familiaridade da população brasileira com a banda larga.
O relatório da SAE mostra que 61% de usuários de PC não têm habilidade com a internet. “Sabemos que não adianta levar banda larga de graça, se essas pessoas não souberem como acessar”, diz Arthur Coimbra, assessor de telecomunicações da SAE. Ele reconhece que o PNBL está discutindo mais questões como meios para ampliação da infraestrutura e políticas de incentivo. Mas adianta que outros grupos deverão, numa próxima etapa, abordar a educação digital.
Site: IDG Now!
Data: 01/12/2009
Hora: 14h55
Seção: Internet
Autor: Edileuza Soares
Link: http://idgnow.uol.com.br/internet/2009/12/01/sem-educacao-digital-plano-de-banda-larga-pode-fracassar-diz-economista/