Após primeiro semestre ruim, ritmo de fusões e aquisições voltou a crescer no segundo semestre de 2009 e tendência é de novas negociações bilionárias no próximo ano.
Depois de um início lento em 2009 no mercado de fusões e aquisições, companhias de tecnologia começaram a comprar outras empresas no segundo semestre do ano e analistas esperam que a retomada da atividade continue em 2010.
As atividades de fusão e aquisição de empresas de tecnologia atingiram 3,1 bilhões de dólares nos Estados Unidos durante o primeiro trimestre e 2,3 bilhões de dólares durante o segundo trimestre deste ano. Os números são baixíssimos comparados aos 13,8 bilhões do segundo trimestre de 2008 e 44,6 bilhões do terceiro trimestre de 2008, de acordo com um relatório da consultoria PricewaterhouseCoopers.
Mas a indústria começou a retomada com 9,8 bilhões de dólares em negócios fechados durante o terceiro trimestre de 2009. Atividades de fusão e aquisição futuras são difíceis de prever, mas as tendências seguem na direção correta, segundo analistas.
“Se você olhar para os primeiros dois trimestres do ano, foram quase os mais baixos da década, o que significa muito se você considerar tudo o que aconteceu nos últimos 10 anos”, como a explosão da bolha da internet", disse o executivo da PricewaterhouseCoopers, Rob Fischer. “O que nós vimos foi basicamente o dobro de volume de negócios no terceiro trimestre comparado ao segundo. Com os anúncios que vimos nos últimos meses, nossas expectativas são altas”, avalia.
Negócios bilionários retoraram durante o terceiro trimestre do ano com anúncios como a compra da Affiliated Computer Services pela Xerox por 6,4 bilhões de dólares, e o plano da Dell de adquirir a Perot Systems por 3,9 bilhões de dólares.
O negócio da Dell foi fechado no quarto trimestre, enquanto o acordo entre Xerox e ACS ainda está pendente, por isso eles não foram incluídos nos resultados terceiro trimestre. Outro acordo pendente que vai turbinar as estatísticas é a compra da Sun pela Oracle por 7,4 bilhões de dólares.
A queda na atividade de fusão e aquisição e a diminuição no mercado de ofertas públicas iniciais (IPO, do inglês initial public offerings) tornaram difíceis para novas companhias de tecnologia conseguirem investidores, já que muitos estão receosos de colocar dinheiro em empresas novas enquanto não tiverem lucro nos investimentos principais.
O fundador e diretor da Commonwealth Capital Ventures, Michael Fitzgerald, prevê que a indústria de capital de risco vai continuar a diminuir drasticamente pelos próximos três ou cinco anos. Mas se o mercado de ações não quebrar de novo, a indústria de tecnologia deve ver níveis saudáveis de aquisições em 2010, disse o analista financeiro do banco de investimento Dow Jones, Robert Armstrong.
“Tivemos um ritmo acelerado de acordos de tecnologia no segundo semestre de 2009”, observa Armstrong. “Mesmo se o mercado de ações continuar do jeito que está, acredito que fusões e aquisições continuarão aceleradas”.
Com a estabilização do mercado, é fácil determinar um preço justo para uma aquisição, segundo Fitzgerald. “O ano de 2009 foi meio estranho porque o desenvolvimento macroeconômico foi incerto”, observa. “A incerteza e instabilidade sempre são problemas quando você pensa em tomar grandes decisões sobre fusões e aquisições. Um grau de estabilidade no próximo ano pode ajudar”.
Muitas empresas pequenas estavam prontas para IPOs (Initial Public Offerings), mas não foram a público para esperar as condições econômicas melhorarem no primeiro semestre de 2010, de acordo com Armstrong. Isso vai melhorar as atividades de fusão e aquisição com grandes companhias fazendo IPOs, prevê.
As próximas questões lógicas são quais tipos de companhias de tecnologia vão às compras em 2010, e quais serão compradas. Facebook, Twitter e LinkedIn são potenciais propriedades na indústria das redes sociais. Criar um valor financeiro no Facebook e no Twitter será um desafio, porém, e a quantidade de companhias dispostas a gastar grandes quantidades de dinheiro nesses sites é limitada, segundo Armstrong.
Ele acredita que o LinkedIn pode ter mais valor para uma potencial aquisição porque o site é feito em torno de um tipo de transação – a contratação de novos funcionários. “Pagar um bilhão de dólares ou mais pelo Twitter seria uma loucura”, afirma Armstrong.
No mercado empresarial, acordos como Xerox-ACS e Dell-Perot tão exemplos de grandes fabricantes de tecnologia comprando pequenas empresas de serviços, parte de uma tendência de que as grandes fabricantes de TI estão tentando se tornar destinos únicos de compra. A Oracle, que produz software, está tentando comprar a Sun, uma empresa de hardware. A HP está tentando se aproximar da Cisco, comprando a fabricante de roteadores 3Com.
A convergência de mercados historicamente segregados como redes, armazenamento e servidores, e a convergência de serviços de software e hardware podem fazer parte das próximas aquisições, segundo Fischer. Consumidores estão querendo preços melhores e fabricantes consolidados, dificultando a competitividade entre pequenas e grandes empresas, avalia.
Tentar prever eventos como fusões e aquisições “é um excelente meio de parecer estúpido”, afirma Armstrong, percebendo que previsões de analistas geralmente são erradas. Muitas das grandes fabricantes não têm necessidade de uma transação forte, não é difícil dizer quais vão se envolver em grandes negociações, ele disse. “A Cisco precisa comprar alguma coisa agora? Não. A HP? Não. IBM? Não. Elas podem ser oportunistas e pegar alguma coisa pequena, mas todas têm portfólios grandes e completos”, afirma Armstrong.
Ainda assim existem alguns casos interessantes, como a Juniper. Muitos investidores da empresa ficariam felizes se a Cisco a comprasse, mas como isso não deve acontecer, a companhia se desenvolve comprando competidores como a Riverbed, F5 ou Blue Coat, enumera Armstrong.
Ele acredita que o interesse em TI para saúde e o desejo de expandir a presença na China podem ser fatores que criem atividades de fusão e aquisição. Já Fischer avalia que os problemas de 2009 vão ser apenas uma pequena interrupção em uma tendência de longo prazo de consolidação da indústria a partir de fusões e aquisições.
“Nós vimos que houve uma interrupção por causa da recessão. Pelo menos nos dois últimos trimestres, a consolidação voltou e estamos vendo um aumento nas atividades e nos volumes de negócios como resultado. Em um sentido amplo, não há razão para não esperar que isso continue”.
Site: Computerworld
Data: 22/12/2009
Hora: 14h00
Seção: Negócios
Autor: ------
Link: http://computerworld.uol.com.br/negocios/2009/12/18/analise-fusoes-e-aquisicoes-em-ti-devem-crescer-em-2010/